Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O réuconfesso do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, Rayfrandas Neves Sales, confirmou a autoria do crime, mas negou que tenhasido contratado por fazendeiros para matá-la. Em seu segundojulgamento, que começou hoje (22), Rayfran disse que se sentiaameaçado pela missionária. Dorothy foi morta em fevereiro de 2005, em Anapu, no Pará. Para o promotor de Justiça Edson Cardoso de Souza, que faz aacusação, a estratégia do réu étentar inocentar os fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura, conhecidocomo Bida, e Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como Taradão, que seriam os mandantes do crime.Segundo ele, a tese de que Rayfran estava sendo ameaçado porDoroty Stang não é consistente. “Nenhumapessoa de mediana inteligência vai acreditar numa situaçãocomo essa: uma pessoa idosa - e ele mesmo [Rayfran] confessa que ela abriu abolsa para tirar a Bíblia - [não] poderia ameaçá-lo dealguma forma. Essa nova tese tripudia com qualquer bom senso”,afirmou o promotor, informando que irá pedir a pena máximapara o acusado: 30 anos de reclusão. A acusaçãoirá alegar que Rayfran matou a missionária “comrequintes de perversidade, dolosamente e impulsionado por umapromessa de pagamento”. De acordo com o promotor, Rayfran será acusadode homicídio duplamente qualificado: com promessa depagamento e recurso que dificultou a defesa da vítima.“Estamos imbuídos do propósito de confirmar asentença anterior”, disse Souza.Aoapresentar o argumento de que Rayfran nãorecebeu pagamento para matar, a defesa busca diminuir a pena, jáestipulada em 27 anos no primeiro julgamento, para cerca de 17 anos. O advogadoque faz a defesa do réu, César Ramos, disse, em entrevista à Agência Brasil, que o assassinato foi um ato isolado da vida de Rayfran. Segundo ele, não houve promessa de recompensa nem formaçãode consórcio para a realização do crime.“Vamostentar mostrar o contexto em que se desenvolveu a açãodo réu para que os jurados possam dar uma pena compatívelcom a responsabilidade dele no caso”, afirmou Ramos. De acordo com ele, Rayfran estavasendo ameaçado por Dorothy Stang.“Ele vivia em estado deameaça, juntamente com outros trabalhadores e, naquelemomento, ela proferiu ameças, que pelo contexto tinham cunho de veracidade e poder de intimidação. Naquelemomento, ele perdeu o equilíbrio emocional e acabou cometendoesse absurdo.”Ojulgamento deve prosseguir até a noite de hoje. Rayfran Sales já havia sido julgado em dezembro de 2005, mas, como apena excedeu 20 anos de prisão, ele tem direito a um novo júri.Na primeira sentença, o réu foi condenado a cumprirpena de 27 anos de reclusão.