Dengue tipo 4 não é motivo de alarde, diz epidemiologista

22/10/2007 - 19h57

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A possível chegada ao Brasil da dengue tipo 4 nãodeve ser motivo de alarde. De acordo com o médico epidemiologista Vicente Amato Neto, professor daUniversidade de São Paulo (USP), avariação é apenas “um complicador a mais”para tratar da doença e não representa risco desurto.Segundo ele, embora essa modalidade dovírus já tenha sido identificada na Venezuela e em uma dasGuianas - países próximos aos estados da regiãoNorte brasileira -, não há como precisar quando chegará ao Brasil. “Basta que umpaciente com vírus tipo 4 chegue aqui”, afirma, ao acrescentar que essa variação da dengue nãodeve preocupar frente ao atual quadro de infecção nopaís, “que já está intenso”.AmatoNeto diz que o vírus tipo 4 não pode ser considerado “mais grave ouvirulento” que os demais, exigindo o mesmo tratamento que os outros três tipos.Apesar de afastar o risco de epidemia, ele explica que, se chegar ao país, o vírus tipo 4 vai encontrar pessoas que nuncaforam infectadas por ele e que, por isso, podem não terdefesas contra ele. O professor lembra que o mais grave não émodalidade clássica da dengue, mas a forma hemorrágica, que pode levar à morte. Neste caso, estão mais suscetíveisas pessoas que já contraíram alguma das variaçõesde dengue.“Quem já teve a infecçãopor um certo tipo pode ser infectado por um outro. A formahemorrágica não é obrigatória, mas émais fácil se já existiu uma infecçãoanterior”, esclarece. De acordo com o professor, se o vírus tipo 4 chegasse ao país, aumentaria a probabilidade de ocorrem mais casos da formahemorrágica. “Apareceria um complicador a mais. Entraria mais umcomponente para facilitar essas combinações”.O epidemiologista avalia que as primeirasmanifestações da dengue tipo 4 no Brasil podem ser difíceisde serem identificadas. Mas alerta que a única forma de tornara dengue hemorrágica menos grave, independentemente da variação do vírus, é o diagnóstico precoce e o tratamentoadequado. “Isso não é fácil. Váriasregiões do país não têm médicos einstalações preparadas”.