Grazielle Machado
Da Agência Brasil
Brasília - Pessoas com hanseníase que foram isoladas da sociedade,por ação do Estado brasileiro, começam a ser identificadas para receber uma pensão especial vitalícia de R$ 750 por mês. DeivisonCerqueira, 71 anos, foi confinado no hospital-colônia SantaIsabel, no município de Betim (MG), aos 28, por ter hanseníase. Para ele, o direito à pensãoespecial “é uma correção por tudo que foifeito quando fomos internados obrigatoriamente”. Apesar do direito,ele reclama do preconceito "que existe até hoje".“Muitaspessoas que nos atendem ou que falam com a gente em alguns lugares,a gente sente o preconceito”, se queixa e é enfáticoao afirmar: “O preconceito, no meu ponto de vista, nunca vaiacabar. O preconceito não acaba e jamais vai acabar”.Cerqueiraé um dos cerca de 5 mil brasileiros com hanseníase que devem receber a pensão especial do governo. A estimativa é da Secretaria Especial dos Direitos Humanos. “Filhoseparado da família, separado dos amigos. Eu não pudenem ir ao velório do meu irmão que morava no Rio deJaneiro. Só tinha a liberdade de sair se o médicoliberasse. A gente não podia viajar deônibus naquela época, era obrigado a descer, era muita humilhação”, afirma.Ele diz que hoje a vida está mais fácil e o tratamento éfeito em casa ou nos hospitais públicos. Cerqueira faz planos para apensão que deve começar a receber: “Vou ajudar toda afamília, vou ajudar minha filha e minha neta que é aalegria da minha vida”.ASecretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência daRepública (SEDH) e uma comissão interministerial começaram hoje (22) a visitar os 30 hospitais-colôniasno Brasil onde ainda vivem pessoas com hanseníase. Acomissão é formada por representantes dos ministérios da PrevidênciaSocial, Saúde, do Desenvolvimento Social e Combate àFome (MDS) e do Planejamento, Orçamento e Gestão. O objetivo éidentificar aqueles que foram internados até 1986 e que têm direito àpensão de R$ 750 por mês.