ANP vai procurar petróleo e gás natural no Acre

20/10/2007 - 9h02

Alessandra Bastos e João Porto
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - AAgência Nacional de Petróleo (ANP) anunciou, nestasemana, que vai investir R$ 64 milhões no Acre emlevantamentos sobre o potencial da área para exploraçãode petróleo e gás natural. A atividade gerariaempregos e traria renda ao estado, dizem os defensores da iniciativa. Mas os danos ao meio ambientesão questionados.ARegião do Rio Juruá, que engloba municípios do Acre e Amazonas, é uma daslocalidades onde a ANP deve realizar pesquisas para descobrir áreasricas em petróleo e gás natural que possam serexploradas.“Énecessário aumentar a pesquisa na região para descobriro potencial petrolífero dos nove estados que compõem aAmazônia”, afirmou o superintendente de Controle da ANP,Getúlio Silveira Leite, em audiência realizada na Comissão da Amazônia, IntegraçãoNacional e de Desenvolvimento Regional da Câmara dosDeputados para discutir a extração de petróleo egás natural em toda a região amazônica.Osecretário executivo do Ministério do Meio Ambiente,João Paulo Capobianco, diz que até agora não foi anunciadonenhum estudo ambiental para avaliar as condições em que essaatividade deve ser realizada para minimizar os danos. Mas acha possívelexplorar petróleo sem prejudicar a natureza.“Énecessário verificar em que condições essaatividade seria feita, em que escala e em que áreas. Em tese,existem hoje metodologias e tecnologias que permitem a atividade semdanos ambientais. Há mecanismos e procedimentos que permitemque se dê em condições ambientalmente adequadas”,explica.Atualmente,existem cinco pontos de exploração de gásnatural na bacia dos rios Solimões (onde desagua o rio Juruá)e Amazonas. Só no ano passado, a exploração degás e petróleo no município de Coari, noAmazonas, rendeu à prefeitura R$ 43 milhões. “Ogoverno federal, dentro do PAC [Programa de Aceleraçãodo Crescimento], está construindo o Gasoduto Coari-Manaus paralevar o gás natural. Acreditamos que essa possa ser uma novazona franca”, diz o deputado Marcelo Serafim(PSB-AM).Oganho financeiro da prefeitura com a exploração depetróleo ocorre por meio dos investimentos no potencialenergético da região, cobrança de royaltiesde petróleo e gás natural e recursos da Contribuiçãode Intervenção no Domínio Econômico (Cide-Combustíveis) incidente sobre a importaçãoe a comercialização de gasolina, diesel,querosene, óleos combustíveis (fuel-oil) e gásliquefeito de petróleo (GLP).NoAcre, a Federação das Indústrias do estado jádeclarou ser favorável à exploração depetróleo e gás natural. De acordo com a entidade,os benefícios para o estado são inúmeros,principalmente a geração de emprego e aperspectiva de um investimento daordem de R$ 27 milhões.Naregião do Juruá, há três unidades deconservação ecológicas. Para o deputado Marcelo Serafim, aextração, por sua importância, deve ser feitainclusive nestas áreas se for preciso. “Éjusto que o povo morra de fome por conta da conservação?”,questiona.“O desenvolvimentotraz dano. Trouxe dano a São Paulo, a Minas, ao Rio e a todosos outros cantos do nosso país. Destruiu a Mata Atlântica,acabou com grande parte do Pantanal e não é isso quequeremos, nem que defendemos. Agora, se o governo brasileiro e omundo querem a Amazônia preservada, o mundo tem que dar condiçõespara que se preserve a Amazônia. Essas condiçõesnão são dadas”, afirma o parlamentar.