Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A polícia dos EstadosUnidos colabora nas investigações contra cinco brasileiros diretores de empresamultinacional envolvida em um sofisticado esquema de fraudes e sonegação deimpostos no Brasil, que já indiciou 44 pessoas e prendeu 40. O esquema foi desmontado hoje (16) em operação conjuntada Receita Federal do Brasil, Ministério Público e Polícia Federal. De acordo com a delegada daPolícia Federal Érika Tatiana Nogueira, as polícias do Brasil e dos EstadosUnidos já trocam informações para que seja possível prender os suspeitos eapurar a participação da matriz. "É inevitável chegar à matriz", disse adelegada em entrevista coletiva para detalhar a Operação Persona.Como as investigações corremem segredo de Justiça, não foram revelados os nomes das empresas envolvidas nemdas pessoas presas. Sabe-se apenas que o diretor-presidente da multinacional noBrasil está entre os detidos.Além das prisões, foramapreendidos em espécie US$ 290 mil e R$ 240 mil; US$ 10 milhões em mercadorias;um avião e 18 veículos.Dos indiciados, 28são de São Paulo e Santos; oito de Salvador; quatro de Campinas (SP); dois de Ilhéus (BA) e dois do Rio de Janeiro. De acordo com ocoordenador-geral de investigação da Receita Federal do Brasil, Gerson Schaan, impressionou a sofisticação e a inteligência do esquema montado paradriblar o fisco. "O esquema é extremamente complexo. É um avanço em termos deesquemas já identificados anteriormente", disse. Segundo Schaan, a Receitadispõe de "um vasto material" que comprova o crime. O investigador contou que a multinacional e a sua distribuidora no Brasil comandavam o crime que envolviamais de 30 empresas, algumas de fachada e outras de clientes que também eramcúmplices. Eles são acusados de criarnotas frias e sonegavam impostos. De um lado, subfaturavam produtos com umaelevada carga de impostos. Do outro, superfaturavam os softwares, já que não hácarga tributária. Com isso, conseguiam baratear em até 70% o preço final damercadoria.As estimativas são de que,dessa maneira, a empresa trouxe para o Brasil, nos últimos cinco anos, US$ 500milhões.Segundo os cálculos daReceita, se entrasse de maneira honesta, essas mercadorias custariam US$ 1bilhão.Ele disse que asinvestigações continuam. Opróximo passo é descobrir se havia clientes dessa multinacional – quesegundo a Receita são muitos aqui no Brasil – que também participavam doesquema.