Países pobres devem levantar a cabeça e deixar de lado atitudes de subserviência, diz Lula

16/10/2007 - 17h44

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - No segundo dia de sua viagem ao continente africano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que os países pobres "levantem a cabeça" e negociem com os países ricos, de igual para igual, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). "O que nós estamos propondo é que os países ricos parem de tratar os países pobres como se eles fossem pedintes", afirmou, em declaração à imprensa após assinatura de atos na República do Congo. "Os países mais pobres do mundo precisam entender que atitude de subserviência não ajuda. Ou nós levantamos a cabeça agora e exigimos um acordo mais justo ou nós vamos passar mais 20 anos num mundo comercialmente injusto".Na avaliação de Lula, dificuldades são fatos normais em uma negociação. O presidente lembrou, no entanto, que as concessões devem ser proporcionais à possibilidade de cada país. Para abrir seus mercados a produtos agrícolas e reduzir o apoio financeiro concedido a seus agricultores, Europa e Estados Unidos exigem a redução de tarifas para produtos industrializados nas nações em desenvolvimento.Lula deixou claro que tal barganha é injusta e lembrou que os países que agora estão se desenvolvendo não podem abdicar de políticas industriais. Também enfatizou que a agricultura emprega 80% da população nos países pobres e apenas 2% nos países ricos. "Tem que ser levada em conta essa desproporção para fazer a negociação", afirmou. E criticou a proposta norte-americana de limitar o total de subsídios agrícolas a uma faixa entre US$ 13,5 e US$ 16 bilhões. "Os nossos amigos americanos, que nos últimos anos tiveram subsídios de US$ 11 bilhões, agora estão propondo de US$ 13,5 bilhões a US$ 16 bilhões, com uma propensão a ficar com US$ 16 bilhões. Eu acho que é muito pouco. Ou os países ricos cedem um pouco ou o acordo estará cada vez mais difícil".De acordo com o presidente, a Rodada Doha entrará em pauta amanhã (17) na África do Sul, nas conversas que terá com o presidente sul -africano, Thabo Mbeki, e o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh. Os três se encontrarão no âmbito da 2ª Cúpula do Foro de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas). Também estão previstos encontros bilaterais. "Vamos discutir um pouco isso e vamos continuar, em genebra, tentando convencer os países ricos a serem mis generosos na mesa de negociação, porque a verdade verdadeira é que falar em livre-comércio é muito mais fácil do que praticá-lo e isso nós já aprendemos, por isso iremos forçar a negociação".