Lula descarta intervenção em debate sobre Renan e pede seriedade na votação da CPMF

16/10/2007 - 12h36

Paulo La Salvia
Enviado especial
Brazzaville (Congo) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje (16) que o problema da sucessão no Senado deve ser resolvido na Casa e, não, na Câmara dos Deputados ou no Palácio do Planalto. Em entrevista coletiva, Lula descartou qualquer intervenção para definir o que deve ocorrer no retorno do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), licenciado da Presidência do Senado desde a semana passada."O PMDB, como o maior partido do Senado, tem o direito de ter a Presidência do Senado. E isso é um problema dos senadores. Não haverá hipótese alguma de ingerência do presidente da República na disputa do que vai acontecer no Senado. Até porque, pelo que eu sei pela imprensa, o presidente Renan apenas pediu uma licença de 45 dias. Não se sabe o que vai acontecer quando ele voltar", destacou o presidente. Enquanto a discussão política ocorre, Lula pediu seriedade aos parlamentares na votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que prorroga até 2011 a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF)."Sairá caro se não for aprovado. Eu quero ver quem no planeta Terra governa um país que pode prescindir de R$ 40 bilhões. Todos os senadores que estão lá, com raríssimas exceções, já votaram a CPMF uma vez. Eu acho importante que todo mundo releia o discurso que fez há quatro anos, há oito anos, sabe, e mantenha a posição que justificou para votar favorável da outra vez", defendeu o presidente. "Eu espero que na hora que algum senador votar contra, ele diga onde vamos arrumar R$ 40 bilhões para fazer o que precisamos fazer. É só isso que eu quero, seriedade. Nada mais do que isso."Perguntado se a CPMF poderá algum dia ser extinta, Lula afirmou que isso só pode ocorrer quando o orçamento tiver os recursos hoje angariados com a cobrança provisória. "Hoje eu diria para vocês que quem precisa da CPMF não é o governo. Quem precisa da CPMF é o país. Quando nós anunciamos R$ 540 bilhões para o PAC, obviamente que estava dentro a CPMF." Sobre negociações relacionadas à aprovação da CPMF, o presidente disse não achar correto que seja apresentada uma pauta de reivindicação no Congresso a cada votação."O que eu tenho dito publicamente é que na hora de votação não tem negociação. Ou nós temos uma base aliada construída em função de sete pontos que nós assumimos compromisso ou não temos base aliada.", ressaltou Lula. "A base aliada é uma base que tem um programa, ela foi assinada por todos os partidos que a compõe. E eu não posso, a cada negociação, alguém me entregar uma reivindicação e dizer eu só voto se você fizer isso. Assim, eu não faço isso."Ainda na entrevista coletiva, o presidente negou que esteja sendo pressionado pelo PMDB para a volta do ex-ministro Silas Rondeau ao Ministério de Minas e Energia. Na avaliação de Lula, o ministro interino Nelson Hubner está fazendo um bom trabalho. “Eu temo que os que acusaram o Silas é que vão ter que prestar uma boa explicação. Eu temo, eu temo. Mas não sei, vamos aguardar. Porque quando a coisa está em um processo seja no Ministério Público, na Polícia Federal ou na Suprema Corte, eu confesso a vocês que a prudência de um presidente da República é não dar palpite sobre essa coisa."Indicado pelo PMDB, o ex-ministro das Minas e Energia Silas Rondeau pediu demissão do cargo no dia 22 de maio, após ser citado nas investigações sobre o esquema de desvio de recursos públicos desarticulado pela Operação Navalha, da Polícia Federal. O secretário-executivo da pasta, Nelson Hubner, assumiu o comando do ministério interinamente.