Comissão na Câmara discute proibição de guloseimas e refrigerantes nas escolas

16/10/2007 - 19h38

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aproibição da venda ou inclusão na merenda, nas escolas de Educação Básica, de refrigerantes e de produtos calóricos não nutritivos, como frituras, molhos industrializados e que contenham conservantes, foi tema de audiênciapública na Câmara dos Deputados hoje (16), Dia Mundialde Alimentação. Integrantes da Comissão de Educaçãoe Cultura discutiram o Projeto de Lei 6848/02, do ex-deputadoNeuton Lima (PFL-SP), que aponta o consumo desses alimentos como fator diretamente responsável por doenças como diabetes e hipertensão, que hoje afetam crianças e adolescentes.Segundo Cristina Pereira Gaglianone, coordenadora de gestão do Centro Colaborador em Alimentaçãoe Nutrição Escolar da Região Sudeste, daUniversidade Federal de São Paulo, pesquisas mundiais mostram que melhores hábitos alimentares podem reduzir 80% dos casos de doenças coronarianas, 50% dos de diabetes e um terço da incidência de câncer. NoBrasil, pesquisa feita por ela nomunicípio de Cajamar (SP) apontou que 17% das criançasjá ingressam na escola com sobrepeso. Leis municipais já proibiram guloseimas nas merendas escolares nos estados do Rio deJaneiro, Santa Catarina e Pernambuco e no Distrito Federal.Deacordo com a coordenadora, quando queremimplementar um cardápio mais saudável nas escolas os municípiosesbarram em quatro entraves: a concorrência da cantina, aslimitações do professor, os hábitos e costumessociais, e a própria família.“Muitos cantineirospreferem fechar a modificar”, contou a nutricionista Lorena Chaves, doPrograma Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Ela informou que a adesão aos programas municipais emescolas sem cantinas foi de 66%, contra 41% das escolas com cantinas.“Oprofessor não tem uma formação específicaem nutrição”, lembrou Cristina Gaglianone, acrescentando que quando ele consegue abordar oassunto em sala, no intervalo a criança vai para a cantina, onde só encontra refrigerante, salgadinho e bala. "Um cantineiro começou a vender salada de fruto, mas as crianças não comeram, porque não fazia parte do hábito delas", contou, ao ressaltar que "não basta vender – a escola tem que estimular, oferecer".O relator do projeto de lei, deputado Lobbe Neto (PSDB-SP), destacou que em algumas famílias, "é mais fácil comprar um lanche rápido do que preparar uma alimentação saudável, porque muitas mães não têm o tempo necessário para isso". O projeto, segundo ele, poderá sofrer restrições. "Nosso parecer provavelmente será favorável, semradicalização, mas no conceito de fazer uma educaçãoalimentar”, disse.