Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O líder dogoverno no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse hoje (27) queo presidente Luiz Inácio Lula da Silva respeita a decisãodos senadores de não aprovar a medida provisória quecriou a Secretaria Especial de Projetos de Longo Prazo, mas estápreocupado em encontrar uma saída para alguns problemas quesurgiram com a rejeição."Hoje àtarde haverá uma série de reuniões para decidirde que forma o governo vai caminhar para buscar a soluçãopara a Secretaria de Longo Prazo. E estamos com uma preocupaçãoespecial com o que diz respeito à estruturaçãoda Sudene e da Sudam, porque nesta MP constavam 144 cargos da Sudam eSudene para estruturação das duas instituições",informou Jucá, depois de se reunir, no Palácio doPlanalto, com o presidente Lula e o ministro de RelaçõesInstitucionais, Walfrido dos Mares Guia, para conversarem sobre oassunto.A MP 377 rejeitada peloSenado na noite desta quarta-feira (26) criava além daSecretaria Especial de Projetos de Longo Prazo, que tinha àfrente o filósofo Roberto Mangabeira Unger, outros cerca de650 cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) efunções gratificadas. A responsabilidade peladerrota do governo no Senado é atribuída ao PMDB, quedeu o maior número de votos contrários à MP, semcontar a oposição. O próprio relator da matériasenador Valter Pereira (PMDB-RS) recomendou a inadmissibilidade damedida. E o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO) votou pelarejeição da MP.Hoje de manhã,segundo informou Jucá, representantes do comando do PMDB,entre eles o presidente Michel Temer; a senadora Roseana Sarney(PMDB-MA), líder do governo no Congresso, e o ministro dasComunicações, Hélio Costa, tambémestiveram no Palácio do Planalto para uma reunião comMares Guia. "Nesta reunião, reafirmamos a coalizão,a condição de votar a favor da CPMF, de aprovar asmatérias e de procurar, em contato com o líder Raupp ea bancada do Senado, dirimir qualquer questão e encaminhá-la",relatou Jucá. O senador tambémafirmou que não há rompimento por parte do PMDB com acoalizão do governo. "Pelo contrário, o PMDB estáfirme na palavra de seus líderes e do presidente. O queprecisamos fazer é ajustar algumas questões",disse. "A bancada estásentindo que está tendo pouca comunicação com ogoverno. São algumas questões pontuais que em tese nãoforam resolvidas, mas esta é uma questão que seráencaminhada pelo líder Raupp, que está levantando todasas questões. A gente espera afinar o discurso e construir um entendimento",disse o líder do governo no Senado.Jucá disse que ogoverno não se sentiu traído com a rebeliãopeemedebista. O senador admitiu, no entanto, que a açãodo partido foi uma surpresa para o governo. "Nós nãoestávamos informados. A gente lamenta que a manifestaçãotenha sido dessa forma. Temos um governo de coalizão e,portanto, existem caminhos que podem ser tomados no sentido de afinaro discurso, de ampliar a interlocuçãosem precisar uma demonstração dessa, que, de certaforma, compromete uma série de atividades do governo, com aquestão da Sudam e da Sudene. Mas como foi uma manifestaçãodo Senado, cabe ao governo acatar a manifestação eprocurar a saída administrativa para contornar o problema".Ao ser indagado se opresidente Lula teria ficado "irritado" com a atitude doPMDB de votar contra a MP 377, o senador Romero Jucárespondeu: "Não, muito pelo contrário. Opresidente está muito tranqüilo e disse que épreciso ter calma, que isso faz parte do jogo democrático eque iria buscar as soluções compatíveis com ocaso”.Romero Jucádisse que durante a reunião de integrantes do PMDB com oministro de Relações Institucionais, nesta manhã,o assunto cargos não foi tratado. "Não é omomento de tratarmos de cargos. A conseqüência destamanifestação da bancada do PMDB não seria tratarde cargos. O governo não entraria nesse tipo de procedimento".