Mariana Borgerth
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Começou hoje (27) no Rio de Janeiro uma campanha nacional em defesada legalização do aborto. O movimento é organizado por várias entidades dos direitos da mulher, como aArticulação das Mulheres Brasileiras, e de outrasáreas, como a União Nacional dos Estudantes (UNE). Umdos objetivos da mobilização é incentivar odebate sobre o assunto na sociedade.Como parte da programaçãoestão planejadas manifestações na capital fluminense e em outros estados. O grupo segue a iniciativa conhecidacomo Luta Latino-Americana e do Caribe a Favor da Descriminalizaçãodo Aborto."Nós temos que ter direito àeducação sexual, a um atendimento e um acolhimento dequalidade no serviço público”, diz a coordenadora daArticulação das Mulheres Brasileiras, SonéliaLacerda. “Isso é um conjunto de coisas que o governo, pormeio de suas instituições de saúde, tem quefazer para que nós não tenhamos mais mortes nesse país,vítimas de aborto inseguro."A ativista afirma quea legalização seria uma forma de garantir melhorescondições de atendimento e maior segurança paraa saúde das mulheres e não levaria a um aumento narealização da prática.Relatóriodivulgado em maio pela Federação Internacional dePlanejamento Familiar estima que a cada ano são realizadoscerca de 46 milhões de abortos para interrupçãode gravidez indesejada em todo o mundo, dos quais 19 milhõessão feitos de forma insegura e 70 mil resultam em mortematerna. Segundo o estudo, o Brasil é responsável por 1milhão de interrupções de gravidez de formainsegura a cada ano, e issogera quase 700 internações por dia no Sistema Únicode Saúde (SUS) para o tratamento de complicações,a um custo total de quase R$ 33,7 milhões. Jáos opositores da legalização argumentamque a vida é um bem inalienável e o aborto condenaà morte alguém que não pode decidir a respeitodisso. Afirmam também que legalizar a prática serialegalizar um crime e aumentaria a procura pela intervenção.O ministro daSaúde, José Gomes Temporão, defendeuem abril a realização de um plebiscito para que apopulação decida sobre o tema. O presidente Luiz InácioLula da Silva afirmou que, como cidadão, écontra o aborto, mas que o Estado precisa dar um tratamento adequadoàs mulheres que enfrentam uma gravidez indesejada.AAgência Brasil publicou uma sériede matérias para aprofundar a questão e mostrar asreações favoráveis e contrárias.