Marcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - Aincidência de situações de discriminação e violência contra homossexuais na capital pernambucana é tãoelevada quanto em São Pauloe no Rio de Janeiro. A constatação é de pesquisa feita em Recife pelo CentroLatino-Americano de Sexualidade e Direitos Humanos, em parceria com aUniversidade Federal de Pernambuco e a organização não-governamental (ONG) InstitutoPapai.
No levantamento, elaborado no ano passado e divulgado hoje (11), foramouvidas 791 pessoas, que responderam a 39 questões sobre política, direitoshumanos e violência. Cerca de 55% dos entrevistados disseram ter sido vítimas deagressões verbais, 20% de agressões físicas e 20% de extorsão ouchantagem.
De acordo com o pesquisador daUniversidade Federal de Pernambuco Benedito Medrado, a pesquisa evidencia que mais de 70% da população entrevistada foivítima de violência emalguma situação da vida, por questões relacionadas à orientação sexual.
“Agente sabe que Recife tem índices de criminalidade muito altos, mas esse tipode violência dirigida às pessoas pela simples condição da sexualidade é um dadorelevante, que pode contribuir na hora de definir políticas públicas desegurança, saúde e educação para essa população discriminada”, disse ele.
O trabalho, realizado pela primeira vez em uma capital do Nordeste, dácontinuidade a um projeto que começou em 2003 no Rio de Janeiro, teveprosseguimento no Rio Grande do Sul em 2004 e em São Paulo em 2005, como objetivo de mapear os padrões de violência que atingem gays, lésbicas, travestis,transexuais e bissexuais no país.
O jovem homossexual Glauber Santos, de 18anos, residente no bairro da Várzea, conta que já foi vítima desse tipo de preconceito e violência. “Foi hádois anos, quando eu e um grupo deamigos íamos iniciar um jogo de queimada em uma praça. Aí, sete jovens da comunidade começaram a nosperseguir. Eles atacaram com socos e atiraram garrafas de bebidas".
Glauber disse que, na época, denunciou a agressão àpolícia. "Depois, houve um trabalho de conscientização nas escolas sobre orespeito à diversidade sexual, e hoje há uma aceitação dos homossexuais nacomunidade”, afirmou.No próximo domingo (16), na Avenida Boa Viagem, a 6ª parada da diversidade sexualde Pernambuco, com o tema “amor entre iguais: eu respeito” .