Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Conselho de Controlede Atividades Financeiras (Coaf) aumentou o número decomunicações sobre operações suspeitas delavagem de dinheiro e o número de envolvidos quase triplicouentre 2003 e 2006. No primeiro, o Coaf elaborou 521 relatóriosvinculados a 1.344 comunicações de operaçõessuspeitas que listaram nomes de 3,2 mil pessoas. Em 2006, o númerode relatórios subiu para 1.169, vinculados a 27 milcomunicações, envolvendo mais de 11 milpessoas.“Aumentou a densidade das informações”,afirmou o presidente do Coaf, Antonio Gustavo Rodrigues, que fez umapalestra sobre a atuação do órgão hoje(10) no Rio de Janeiro. Segundo ele, 20% das comunicaçõesrecebidas pelo Coaf se referem a operações abaixo de R$50 mil. Em 2008, o Coaf completa dez anos de criação.Nesse período, segundo Rodrigues, “a mudança foi daágua para o vinho”. A Lei 9.613, batizada de Lei de Lavagemde Dinheiro, foi quem instituiu o Coaf. “É uma mudançacultural muito forte no Brasil”.Rodrigues explicou quenão só os segmentos do setor financeiro, como bancos eimobiliárias, são obrigados a conhecer os clientes ecomunicar indícios de irregularidades ao Coaf, que é aunidade de inteligência brasileira contra o crime organizado,mas também o setor público, o Judiciário, oMinistério Público passaram a olhar mais para o ladofinanceiro das atividades.O presidente do Coafdestacou que em vários casos, o criminoso é preso, “masnão se prende a conta dele”. Por essa razão,recomendou a necessidade de que primeiro se deve fechar a conta edepois prender o sujeito. “Fugir sem dinheiro é maisdifícil”, argumentou.Antonio GustavoRodrigues analisou que o Brasil como um todo está passando poressa mudança de cultura. O processo é gradual, admitiu.E apontou que todos devem participar “porque não é oCoaf que resolve, não é a polícia que resolve,não é o Ministério Público nem oJudiciário, é todo mundo junto; e isso estásendo feito, está havendo a mudança”.O setor que maisfornece informações de qualidade ao Coaf é obancário porque é o mais sujeito a riscos de imagem etambém porque reúne as empresas mais organizadas e bemestruturadas, informou Rodrigues. Em 2003, o Conselho recebeu 5,5 milcomunicações dos bancos. Esse número jádobrou até o último mês de agosto de 2007,atingindo 12 mil comunicados.Rodrigues revelou quesomente este ano, o Coaf recebeu mais de 41 mil comunicaçõesde operações suspeitas do mercado segurador, contra 879em 2003. O presidente do Conselho pretende se reunir com aSuperintendência de Seguros Privados(Susep), que regulamenta osetor de seguros, para ver qual foi a distorção quegerou esse volume excessivo de informações. “Nãoadianta ter muita informação de má qualidadeporque você acaba perdendo o tempo do analista”, ressaltou.As unidades deinteligência financeira (UIFs) foram criadas pela Convençãode Viena a partir de 1988 quando os governos perceberam que privar osbandidos do produto do crime era uma ferramenta importante para ocombate à atividade criminosa. O ato de lavar dinheiroconsiste em utilizar mecanismos legais para dar uma explicaçãolícita para o dinheiro oriundo do crime, como tráficode drogas, contrabando, terrorismo, corrupção.Atualmente existem 106 UIFs em todo o mundo, sendo a maior parte dostipos administrativo e policial. O Coaf faz parte da primeiracategoria.