Amazonas prepara plano nutricional para crianças com até 5 anos

10/09/2007 - 19h09

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Os resultadosda avaliação nutricional realizada no estado em 2006pela Secretaria de Saúde e pelo Ministériodo Desenvolvimento Social e Combate à Fome começarama ser apresentados em encontro iniciado hoje (10). Da avaliação, em 43 municípios, participaram 4.646 crianças com até 5 anos de idade, das quais 2.241 da capital e 2.405 do interior.Aspectosrelacionados à escolaridade dos pais e responsáveis,aleitamento materno, peso e estatura, estão entre os itensavaliados. E os resultados apontam casos dedesnutrição e a evidência de que as criançasamazonenses encontram-se em uma situação de risconutricional que pode comprometer sua saúde e qualidade devida."Esse risconutricional não é só pela falta do alimento, mastambém pela falta de conhecimento sobre os valoresnutricionais. Como se justifica baixo peso em crianças onde sepode encontrar a castanha, o tucumã, a pupunha, a mandioca,típicos da região? No encontro nós discutiremos os fatores determinantes para essa situação: outros setores devem participar, e não só o de saúde, onde se identifica o problema. Fatores como o analfabetismo da mãe triplicam o risco de desnutrição entreas crianças", avalia a coordenadora da áreatécnica e promoção à saúde da secretaria, Ester Mourão.Já a diretora interina deAvaliação e Monitoramento do ministério, Leonor Santos,destacou as diferenças entre as crianças que vivem na capital e as que vivem no interior. Estas, segundo ela, precisam de uma atenção maiorpor parte do poder público e da sociedade de um modo geral."Na capital, por exemplo, encontramos 8,5% das criançascom um retardo no crescimento, que é um dos indicadores dedesnutrição crônica, enquanto no interior o percentual sobe a 15,8%. Isso aponta aos gestores que o plano e toda a atividade decorrente dele devem dar atençãoespecial às crianças com indicadores mais desfavoráveis", informou. Ela lembrou a dificuldade de acesso a vários municípios amazonenses e alertou: "É preciso que o Brasil como um todo assuma esse desafio de que a RegiãoNorte precisa de uma atenção especial".Para a nutricionistaGissélie Machado, que atua no município de Careiro daVárzea, é possível reverter o atual quadro com o uso de "frutas típicas daregião e ricas em nutrientes, além de palestraseducativas para pais e responsáveis". Ela explicou seu trabalho com alimentos regionais e informou que nas palestras fala sobre a importância das vitaminas nesses alimentos. "Emnossa comunidade, muitos ainda acreditam que boa alimentaçãoé aquela que é cara e difícil de encontrar porlá, como pera e uva. Mas nós sempre mostramos a eles que oaçaí e o tucumã, por exemplo, também têmproteínas e vitaminas", completou.Amanhã (11), no segundo dia do encontro, será apresentado o Plano de Açãopara 2008, que prevê metas a curto, médio e longo prazopara o crescimento e o desenvolvimento das crianças doAmazonas."Pela primeiravez, chegamos a uma pesquisa representativa do estado. Épreciso uma atenção maior, criar oportunidades detrabalho e renda. O resultado da desnutrição na criança é da sociedade como um todo, do acesso à renda, àeducação. Por isso é preciso mobilização das secretarias afins, como as de Atenção à Saúde, de Assistência Social e deDesenvolvimento Agrário", sugeriu a diretora do ministério.