Ativista considera problema acreditar que gestos de afeto significam debater discriminação

02/09/2007 - 10h38

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A superintendentegeral da organização não-governamental Escola deGente – Comunicação em Inclusão, que promove o 5º Encontro de Mídia Legal, Cláudia Werneck, considera um problema acreditar que gestos de afeto são sinal de que a discriminação estásendo debatida.“Carregar alguém que não pode subiruma escada, por exemplo, é uma atitude correta, mas revela adiscriminação que existe na falta de medidas paramelhorar o acesso aos locais públicos”, salienta.Segundo ela, a postura de enaltecer adiferença, na verdade, encobre a discriminação.Expressões do tipo “Viva a Diversidade” e “Respeite aDirefença”, afirma, não contribuem para diminuiras violações aos direitos humanos. “Endeusar quem édiferente só representa uma mudança de lado, mas oprocesso permanece”, explica.Na avaliação da superintendente daONG, antes de tudo é preciso deixar de prender-se àsformas óbvias de preconceito. “A discriminaçãose esconde nos atos mais sutis”, declara. “Quem diz que aceita outolera o outro, na realidade, parte de uma posição devantagem para escolher com quem está disposto a conviver.”Cláudia diz que o caminho, passa pela ampliação do debate e do intercâmbioentre a mídia, o Ministério Público e as Escolasde Direito. “A mídia costuma desprezar grandes pautas porqueacha que tudo está resolvido e, quando aborda esse tema, acabase [limitando] a apenas dois lados”, critica.Cláudia Werneck atuou como consultora na novela Páginas da Vida, daRede Globo, que trazia o drama de uma criança com síndromede Down. Para ela, a inclusãoeducacional representa um dos maiores exemplos de como os meios decomunicação não transmitem as informaçõesde forma correta. “A mídia costuma passar a impressãode que o pai de uma criança com deficiência podeescolher entre pôr o filho em uma escola regular e especial,quando na verdade a própria Constituiçãoestabelece que toda criança tem direito a escola regular”.