Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Preconceito e discriminação ainda são as principais dificuldades enfrentadas por protadores de HIV e pessoas com aids no país, avalia a diretora do Programa Nacional de DST/Aids, Mariângela Simão."Oprincipal desafio é fazer com que as pessoas que têm aids, emespecial as que estão em tratamento, tenham uma longa vida saudável.Isso inclui a preservação das relações sexuais, de trabalho e de umavida normal, como qualquer outra pessoa. Mas o enfrentamento àdiscriminação continua sendo um grande desafio para as pessoas quevivem com aids e para o governo, que atua até como mediador efacilitador dessas relações".Simão é uma das participantes do 2º Encontro Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids, que ocorre até segunda-feira (27), em Manaus.No encontro, cerca de 200 representantes do poder público federal e do Amazonas, portadores deHIV e convidados da América Latina, Angola e do Caribe debatem propostas e discutem ações políticas que levemem consideração os cuidados que os portadores de HIV exigem para asua sobrevivência.Na ocasião, serão escolhidos cinco representantes da sociedade civil para, junto ao poder público, buscar melhores condições de vida e atenção à saúde dos portadores de HIV e de pessoas com aids."A categoria está mobilizada por meio dos 250 representantes nacionais,sendo 40 da região Norte. Os delegados que serão eleitos aqui vãorepresentar nacionalmente as pessoas que vivem com HIVe aids no país", disse o coordenador geral do encontro, Júlio Rodrigues."Eles assumem uma importância porque serão nossos porta-vozes no Ministério da Saúde, nas articulações com movimentos sociais, com a comissãonacional de DST/Aids e nas representações latino-americanas de HIV/Aids".Na abertura do evento, Simão aproveitou a oportunidade para alertar pais e responsáveis a respeito da importância de manter o diálogo com os adolescentes, principalmente quanto ao contágio da doença por meio de relação sexual. Segundo ela, esse meio é responsável por 75% dos casos registrados.Ela alerta para outra preocupação em relação à doença: o aumento do número de mulheres infectadas. "Na década de 80, quando a epidemia começou no Brasil, tínhamos 26 homens infectados para cada uma mulher. Hoje são apenas 1,4 homem para cada mulher portadora do vírus ou da doença". De acordo com a diretora, pesquisas têm mostrado que as adolescentes têm mais dificuldade para discutir o uso de preservativos com seus parceiros. "Uma menina sair para uma festa com um preservativo na bolsa e um nenino sair com um preservativo no bolso é totalmente diferente. A menina não sai". Ela lembrou a pesquisa feita em 2006 para o Ministério da Saúde, que mostrou que 29% das adolescentes não usaram preservativo na última relação sexual porque confiavam no parceiro. "A doutora Elza Berquó, grande pesquisadora que fez esse estudo, diz assim: mulheres, não confiem em seus parceiros porque quando a mesma pergunta é feita para os meninos, só 7% respoderam que não usaram porque confiavam na parceira".O encontro é realizado de dois em dois anos. O primeiro foi em Florianópolis (SC). O próximo, em 2009, ainda não está definido. Segundo dados do Programa Nacional de DST e Aids, o número de casos da doença está estabilizado no Sul e Sudeste, mas cresce nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. No Norte, o Pará concentra o maior número de caos, sendo 2.772 registros de pacientes em tratamento até junho desde ano.