Marcos Valério pode ficar livre da denúncia por formação de quadrilha, diz advogado

24/08/2007 - 18h01

Mylena Fiori e José Carlos Mattedi
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A defesa de Marcos Valério de Souza comemora o fato de o Supremo Tribunal Federal ter rejeitado a acusação de peculato (apropriação de dinheiro público em benefício próprio) contra Rogério Tolentino, advogado de suas empresas e citado na denúncia também como sócio.Com a exclusão de um nome, o chamado núcleo de Marcos Valério, fica com apenas três integrantes, impedindo a caracterização de crime de formação de bando ou quadrilha na questão do peculato, uma das seis acusações que pesam contra ele. A pena para formação de quadrilha é de 1 a 3 anos de prisão. O núcleo é formado por Tolentino, os sócios Ramon Hollerbach e Cristiano de Mello e outras pessoas."Isso está deixando claro a impossibilidade da acusação de formação debando ou quadrilha. Desmonta a base central da acusação", disse oadvogado Marcelo Leonardo, responsável pela defesa de Marcos Valério, nointervalo da sessão do Supremo que julga a denúncia do MinistérioPúblico Federal contra 40 acusados de envolvimento no mensalão, oesquema de pagamento a parlamentares em troca de apoio ao governo -cujo operador seria o publicitário.De acordo com o artigo 288 do Código Penal, o que caracteriza a formação de bando ou quadrilha é a associação de mais de três pessoas para o fim de cometer crimes. "Estamos felizes com a exclusão do nome do doutor Rogério Tolentino", afirmou o advogado.Marcelo Leonardo também vê com bons olhos a rejeição da denúncia de peculato contra José Dirceu, José Genoino e Silvio Pereira - respectivamente, ministro-chefe da Casa Civil, presidente do PT e secretário-geral do partido na época em que o mensalão foi denunciado. Na avaliação do defensor do Marcos Valério, isso aponta para a inexistência do núcleo político de comando do esquema do mensalão."No nosso modo de ver, desmonta a estrutura da acusação na medida em que se está excluindo todo o núcleo político de comando", afirma. "Vai ficar faltando um pedaço nessa história que não vai fechar jamais. Quem estava comprando o apoio político dos partidos? O Marcos Valério? Pra quê? Eles acabaram com isso".O advogado, no entanto, reconhece que a confirmação dessa tese dependerá da posição do Supremo sobre as denúncias de corrupção ativa em relação a pessoas ligadas a Marcos Valério e ao governo.Conheça as denúncias contra Marcos Valério e os demais acusados. Algumas já foram acatadas.