Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A abertura de processocontra quatro dirigentes do Banco Rural foi aceita por unanimidadepelos ministros do Supremo Tribunal Federal, que reiniciou na manhãde hoje (24) a análise da denúncia por compra de votos de parlamentares e arrecadação irregular de recursos, esquema conhecido como mensalão, apresentada pelo Ministério Público Federal.Os ministros votaramfavoravelmente ao parecer do relator Joaquim Barbosa, que pedeabertura de processo criminal contra Kátia Rabello, JoséRoberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório, esta última já afastada do banco. Os quatro agora passam a ser réus emprocesso penal. Eles são acusados por gestãofraudulenta, pois teriam participado de 19 transaçõesfinanceiras, supostamente ilegais, que somaram R$ 300 milhões.Carmem Lúcia acompanhou o votodo relator, depois de questionar se Ayanna Tenóriojá ocupava o cargo no banco quando osatos apontados pela denúncia ocorreram. JoaquimBarbosa esclareceu que sim, pois ela entrou no banco em 2004.Eros Graucriticou “desvios” da imprensa e o pré-julgamento dosacusados pela opinião pública. Ressaltou que osjulgadores devem ter independência para tomar decisõescontrárias ao governo e à opinião pública. Gilmar Mendes disse que o julgamento éhistórico e emblemático. Segundo ele, o Supremo servede exemplo para outras cortes do país.Também votaram com o relator Celso de Mello, Carlos Britto, Ricardo Lewandowski e a presidente doSTF, Ellen Gracie, que afirmou que a denúncia traz os indícios mínimos necessários. Ontem, outros três ministros já tinham acatado a denúncia.Após a votação desse item, orelator passou a apresentar pareceres sobre os outros tópicos doprocesso: formação de quadrilha, desvio de recursospúblicos, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas.Este é oterceiro dia de julgamento, que começou na manhã daúltima quarta-feira. A expectativa é que o STFencerre a análise ainda hoje, mas há possibilidadede o julgamento continuar na semana que vem, como disseram ministros entrevistados pela Agência Brasil.