Manifestação no Rio critica atuação de empresas aéreas e cobra ação do Estado no setor

17/08/2007 - 17h36

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Associações de funcionários da companhia aérea Varige sindicatos de aeroviários promoveram hoje (17), noAeroporto Santos Dumont, manifestação para marcar um mês do acidente com o avião da TAM, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. No acidente, morreram cerca de 200pessoas.

A manifestação reuniu cerca de 60 pessoas, que criticaram a atuaçãodas empresas de transporte aéreo e protestaram contra as políticas do governo para o setor. O protesto fez parte do Dia Nacional de Luto ede Luta, programado por uma série de entidades civis para o dia de hoje, comatividades em várias capitais do país, como Porto Alegre e São Paulo.

Segundo o vice-presidente da Associação de Pilotosda Varig, Marcelo Duarte, a data serviu para mobilizar a sociedade, queprecisa cobrar a atuação do Estado no setor. Ele explicou que o objetivo era transformar o dia de luto, que marca a passagem de um mês do acidente, em um dia de lutas, deexercício da cidadania.

"Fica muito claro que a onda neoliberal fez um estragomuito grande no país. E, no setor aéreo, fica muito evidente, com essesacidentes, o desmonte da estrutura aeroportuária do país. Tem um crime delesa-pátria para entregar a empresas estrangeiras setores estratégicos, nãodiferente do que aconteceu com a marinha mercante brasileira”, afirmou Marcelo Duarte.Para ele, os acidentes aéreos ocorridos no país nosúltimos meses e a crise no setor começaram antes dos acidentes, com o “desmonte”da empresa Varig. “Com certeza a causa [da crise] está muito ligada àsaída da Varig do mercado brasileiro. Na época, a Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] dizia que em 30 dias amalha nacional da Varig seria ocupada pelas empresas nacionais. Já temosquase um ano e não houve absorção das rotas domésticas pela Gol e pela TAM.Essas empresas continuaram com suas malhas tradicionais, principalmente saindode São Paulo para Brasília, fazendo com que os passageiros se adaptassem àmalha deles, e houve um acúmulo do tráfego aéreo naquelas rotas”, afirmou. O deputado estadual Paulo Ramos (PDT), presidente da CPI daVarig, cujo relatório foi concluído nesta semana na Assembléia Legislativa doRio de Janeiro, participou da manifestação e endossou a opinião do piloto: “A causaprincipal do apagão aéreo é o que houve com a Varig. Houve uma redução bruscade vôos, foi um jogo. As competidoras vão se apropriar do espólio da Varig”.Paulo Ramos informou que a CPI do Apagão Aéreo da Câmara deve votar requerimento do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) para que ele (Ramos) seja ouvido pelacomissão. O parlamentar pedetista disse que será uma oportunidade para demonstrar a relação diretaentre o caos aéreo e irregularidades no processo de venda da Varig.