Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Cerca de 300 pessoas de famílias sem-teto permaneciam acampadas na tarde de hoje (10) diante da sede da prefeitura da cidade de Itapecerica da Serra, na região sul da Grande São Paulo, com acompanhamento de soldados da Polícia Militar e da guarda civil da cidade. Os manifestantes pedem andamento no processo de regularização do terreno e a construção de um conjunto habitacional, acertado em maio passado.Segundo Guilherme Boulos, coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que representa as famílias, o acordo acertado não está sendo cumprido. Ele foi fechado após três meses de ocupação de um terreno privado na área central da cidade, do qual os sem-teto saíram por determinação da justiça. Pelo acordo, as famílias se transferiram para um terreno da prefeitura, no bairro Calu. Esse terreno seria cedido à Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do governo do estado (CDHU), que construiria apartamentos com financiamento da Caixa Econômica Federal.De acordo com Boulos, o prefeito da cidade, Jorge Costa (PMDB) entrou com um pedido de reintegração de posse na Justiça, do terreno que ele consentira previamente em ceder e no qual as famílias estão hoje acampadas. E obteve sentença favorável. Paralelamente, enviou à Câmara o projeto de transferência da titularidade do terreno da prefeitura para a CDHU, mas este foi rejeitado. A presidência da Câmara é ocupada atualmente pelo vereador Amarildo Gonçalves (PMDB).Este é o segundo acampamento de pressão realizado por essas famílias. De terça-feira à quinta, elas haviam montado acampamento diante da sede da câmara municipal, de onde foram desalojadas por soldados da polícia militar e da guarda municipal. De acordo com Boulos, o clima é de tensão e as famílias reivindicam a transferência do terreno por parte da prefeitura, para honrar o acordo acertado e dar continuidade ao processo de planejamento e construção das residências.“Estamos pleiteando que a prefeitura reenvie o processo à Câmara e que esta desta vez aprove a transferência (do terreno) para a CDHU e também que o prefeito retire o processo de reintegração. Nós tivemos reuniões com o presidente da Câmara e outros vereadores, conversamos também por telefone com pessoas da prefeitura, secretários e chefe de gabinete do prefeito, mas até agora não houve avanços nas negociações”, disse Boulos.A Agência Brasil tentou mas não conseguiu obter informações do prefeito, do chefe-de-gabinete, Edgar Cruz, do presidente da Câmara e de suas respectivas assessorias de imprensa sobre a manifestação.