Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O traficante internacional de drogas colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia, de 44 anos, preso hoje (7) em Itapecerica da Serra (SP), pela Polícia Federal (PF), foi indiciado pelo crime de lavagem de dinheiro. O inquérito tramita na 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo.A polícia aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que analisa o pedido de prisão provisória para extradição, feito pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Segundo a Polícia Federal, caberá ao STF decidir também se Abadia responderá no Brasil ao processo por lavagem de dinheiro.De acordo com o delegado de Repressão a Entorpecentes da PF em São Paulo Fernando Francischini, responsável pela operação de captura do traficante, as investigações não encontraram registro de tráfico de drogas no Brasil realizado pela quadrilha da Abadia.“Ele tinha toda uma rede criminosa de lavagem de dinheiro, que envolvia no mínimo seis estados, onde eram recrutadas pessoas que montaram empresas, compraram imóveis, criaram verdadeiras fortunas como se fossem fortunas pessoais, mas que por trás tinha o dinheiro do tráfico de drogas da Colômbia”, informou. Os seis estados em que atuava a quadrilha eram São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná Santa Catarina e Rio Grande do Sul.Segundo a Polícia Federal, as drogas com origem no Cartel do Vale do Norte, chefiado por Abadia, saíam da Colômbia com destino a Europa e Estados Unidos. O dinheiro voltava pela Espanha ao Uruguai. Do Uruguai, os laranjas que tinham as empresas no Brasil repatriavam esse dinheiro como se tivessem realizado exportações lícitas.Além de Abadia, foram presas outras 12 pessoas que faziam parte do esquema. Entre os bens em posse da quadrilha, estão lojas de veículos e de embarcações, seis carros blindados, 150 telefones celulares, jet-skis, uma fazenda em Minas Gerais e outra no Rio Grande do Sul, empresas de importação e exportação em São Paulo, casas de alto luxo em São Paulo, Angra dos Reis (RJ) e Curitiba. Todas as contas bancárias dos membros do bando foram bloqueadas pelo Banco Central.“Eu acho que essa foi uma prisão simbólica. E essa é uma atitude forte da Polícia Federal para demonstrar que o Brasil não vai virar esconderijo de traficante internacional e não vai virar lavanderia do tráfico internacional. Essa é uma ação forte para mandar um recado para quem precisar, que aqui no Brasil eles não vão se esconder”, afirmou o delegado. O delegado acredita que o que pode ter trazido o traficante ao Brasil é o fato de ele achar que poderia passar desapercebido, por se tratar de um país continental.