Aloisio Milani
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Omaior legado social dos Jogos Pan-Americanos, segundo o presidente doColégio Brasileiro de Ciências do Esporte, professor FernandoMascarenhas, seria a possibilidade de que toda a infra-estruturaesportiva construída para a competição pudesse ficar sob a gestão dasociedade civil organizada, para que ela, junto com o poder público,pudesse decidir o destino em relação a competições nacionais,internacionais, regionais e seu uso pela própria comunidade. "Agora emque medida é possível conseguir isso se toda organização do próprioevento foi pensada no sentido da gestão de negócios. Esse é o limitecom o qual a gente se depara", afirma.De 17 instalações construídas, cinco são temporárias e os investimentosforam feitos especificamente para o período da competição. Das 12 quesão permanentes, em três a relização de projetos sociais dependem deacordos com confederações esportivas. O professor também pondera que o modelo de financiamento público deveria priorizar programas sociais. Atualmente, o Brasil possui diferentes formas definanciamento público e privado para incentivar as práticas esportivas.Como exemplos, há a Lei Agnelo Piva, que repassa uma porcentagem dosrecursos de loterias esportivas; recursos orçamentários para o programaBolsa Atleta, que beneficia profissionais de alta performance emdiferentes modalidades; e a Lei de Incentivo ao Esporte, aprovadarecentemente para buscar recursos da iniciativa privada com base emrenúncia fiscal.A existência de várias formas definanciamento para o esporte como modelo de negócio faz com que opresidente do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, FernandoMascarenhas, defenda que os recursos públicos sejam canalizados paraprogramas de inclusão social, como o encontrado no programa SegundoTempo, para incentivo do esporte nas escolas públicas. Em entrevista àAgência Brasil, o professor explicou que o esporte, diferentemente deáreas dos direitos básicos, como educação e saúde, não há possui umadotação expressiva no Orçamento Geral da União."Acho que aprioridade deveria ser justamente sobre programas de inclusão social. Oesporte de rendimento, como modelo de negócio, pode contar com opróprio fomento vinculado ao mercado. Esse esporte-espetáculo já foiincorporado pela lógica do mercado e tem em certa medida como seauto-financiar. Os recursos públicos deveriam ser canalizadosjustamente para esses programas de inclusão", defende.