Bárbara Lobato
Da Agência Brasil
Brasília - A diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, respondeucríticas do ex-presidente da Empresa Brasileira de Infra-EstruturaAeroportuária (Infraero), brigadeiro José Carlos Pereira, e afirmou que vai processá-lopor ter tido que ela tenta fazer “tráfico de influência” dentro da agênciareguladora. Em nota oficial, divulgada ontem (6) no início da noite, a diretora respondeu que contratou um advogado para semanifestar sobre o assunto nos tribunais.As críticas do brigadeiro José Carlos Pereira foram publicadas ontem pelojornal O Globo, no mesmo dia em que ele foi substituído na presidência daInfraero, conforme aprovação do Conselho de Administração. A acusação é de queAbreu tenta fazer com que a Anac patrocine a transferência do setor de cargasdos aeroportos de Congonhas (SP) e Viracopos, que fica em Campinas (SP), para oaeroporto de Riberão Preto (SP).O aeroporto de Ribeirão Preto, segundo o brigadeiro naentrevista, é privatizado e administrado pelo dono da empresa Terminais Aduaneirosdo Brasil (Tead), Carlos Enersto Camargo, que seria amigo da diretora da AgênciaNacional de Aviação Civil. Na avaliação de Pereira, caso a transferência aéreafosse concretizada, o negócio entre a Anac e a Tead teria faturamento de,aproximadamente, R$ 400 milhões por ano.A diretora da Anac respondeu, por meio de nota, que seria "impossível transferiroperações de cargueiros para este aeroporto [Ribeirão Preto], pois ele nãodetém infra-estrutura para esse tipo de operação". Mas a Anac planejava,segundo a nota, “a construção de um terminal de carga no aeroporto de Ribeirão Pretoe necessidade de ampliação da pista para 3.500 metros para a viabilizaçãode cargueiros".No caso do suposto envolvimento de Denise Abreu e Carlos Camargo, a notainformou que não há nenhuma ligação entre dois uma vez que a empresa Tead foiganhadora de uma licitação feita pelo DAESP, órgão do Governo do Estado de São Paulo em 2003. A diretora da Anacinformou, por meio da nota, que não vai se manifestar sobre o assunto e quecontratou um advogado para tratar da questão nos tribunais competentes.O assunto também foi citado nos debates da ComissãoParlamentar de Inquérito do Apagão Aéreo no Senado. "Estamos investigandoa Infraero mas a Anac também, com essa denúncia, passa a ser o novo foco. Nósvamos estudar tudo isso para ver o que fazer, inclusive acionar a PolíciaFederal, o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União", informou ontem(6) o relator da CPI, senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Ele tambémdisse que a CPI deve convocar Denise Abreu para prestar esclarecimentos sobre oassunto, mas não informou quando.