Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A ComissãoPastoral da Terra (CPT) afirma que lideranças detrabalhadores rurais de Alagoas vêm sofrendo ameaças deassassinato por parte dos proprietários de terras da região.“Nós também recebemos e-mails de pessoas amigasalertando para um grupo que ameaça assassinar uma liderança”,diz o coordenador da CPT em Alagoas, Carlos Lima.A comissão e os movimentosdos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de Libertaçãodos Sem Terra (MLST) e Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) fazem, napróxima quinta-feira (9), às 15h, um ato desolidariedade contra a violência no campo em frente à Ordem dosAdvogados (OAB) em Maceió.Na ocasião, as entidades vãotambém protocolar um documento denunciando a situaçãoao governo do estado, ao Ministério Público estadual efederal e ao Tribunal de Justiça de Alagoas. As ameaçascontra trabalhadores rurais seriam uma resposta à intervenção no cartório domunicípio alagoano de Murici.No dia 25 de julho,cerca de 800 trabalhadores ligados a diversos movimentos ocuparam afazenda Boa Vista do deputado Olavo Calheiros. A ordem de desocupaçãoveio dois dias depois. Osmovimentos resolveram denunciar o cartório de Murici aoTribunal de Justiça de Alagoas. “Ele tem fama de fraudes emgrilagens de terra”, diz Carlos Lima.O procurador SebastiãoCosta filho aceitou a denúncia e decretou intervençãono cartório por 90 dias, prorrogáveis por mais 30 dias.Com a investigação, “os fraudadores e oslatifundiários têm medo do que possa vir à tona”,afirma o coordenador da CPT.Há dois anos, em Alagoas, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MLST),Jaelson Melquíades dos Santos, foi executado com cinco tiros.O crime, ocorrido no assentamentoTimbozinho, no município de Atalaia, ficou conhecido comocaso Joelson. HelenoPedro da Silva foi condenado por assassinato, mas estáforagido. Ele é procurado, não apenas no Brasil, mastambém pela Polícia Internacional (Interpol).