Comissão que investiga acidente da TAM tem pouco poder, admite tenente-coronel

07/08/2007 - 17h53

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Emdepoimento à CPI do Apagão Aéreo da Câmara,o tenente-coronel-aviador Fernando Silva Alves de Camargo reconheceuque há “fragilidades” no trabalho da comissão, presidida por ele, queinvestiga o acidente com o avião da TAM.Segundo Camargo, ao contrário de uma CPI ou de autoridadespoliciais, a comissão não tem o poder de requisitar aórgãos do próprio governo e à TAMdocumentos e informações necessários para asinvestigações, apenas faz uma solicitação, sem determinar prazos para o envio dos dados. “Seique essa comissão [a CPI] já tem gravaçõesdo controle de tráfego, eu ainda não tenho, ainda nãoos recebi. Ainda não tenho a documentaçãosolicitada ao órgão regulador, a Anac [AgênciaNacional de Aviação Civil], eu ainda nãotenho a totalidade dos documentos solicitados à Infraero”,contou Camargo, que é membro do Centro de Investigaçãoe Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).ATAM também não repassou todas as informaçõessolicitadas, de acordo com o responsável pelas investigações.“Na verdade, a TAM já me forneceu alguns dos documentos, masnem todos. É uma fragilidade da minha investigação.Eu posso solicitar à TAM, mas a partir do momento que elademorar para me entregar, eu não tenho um instrumentocoercitivo”, explicou, ao informar que a investigaçãoainda está na fase de coleta de dados.Deacordo com Camargo, todos participantes da comissão se reunirampela primeira vez na última quinta-feira (2), quando foramdefinidos os “ritos que serão seguidos”. Segundo aAeronáutica, as investigações sobre as causas doacidente devem durar cerca de dez meses. Camargo garantiu, noentanto, que até agora não há problemas no enviodas informações solicitadas.“Atéo momento não posso afirmar que está havendo qualquerproblema em me fornecer documento. Entendo que pelo volume deinformações que nós solicitamos, a coleta, aprodução de todas essas informações, éalgo que realmente demanda tempo”.Otenente-coronel-aviador explicou que essas informaçõesserão cruzadas com os dados registrados pelas duascaixas-pretas do avião. Ele frisou que os elementos dainvestigação não devem ser analisadosisoladamente. “Nós consideramos, portanto, prematuro emitirqualquer opinião, qualquer julgamento acerca de qualquer umdesses dados que hoje estão isolados à espera de umaconfrontação e de uma análise pormenorizada”. ParaCamargo, na fase atual de investigações, os dados registrados pelas caixas-pretas do avião podem ser comparados a uma fotografia. “Essa fotografia não pode servista e interpretada como uma fonte única de informação.Ela representa sim o que o computador de bordo leu naquele período,o que ficou gravado, isso não significa necessariamente uma correspondência com o que aconteceu, com o que efetivamente sedeu naquele acidente”.Deacordo com o tenente-coronel-aviador, a investigaçãoconduzida por ele não é punitiva, porque nãotem o objetivo de apontar culpados ou responsáveis, mas sim deprevenir novos acidentes, com a emissão de recomendaçõesde segurança de vôo. “O nosso objetivo está lána frente”, afirmou.