Vila Olímpica em Padre Miguel revela a caçula do atletismo e busca futuros campeões

25/07/2007 - 6h58

José Carlos Mattedi
Enviado especial
Rio de Janeiro - Quem chega a Padre Miguel, bairro na zona oesteconhecido pelo samba da Mocidade Independente, logo percebe que osJogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro têm uma estrela: a velocista Rosângela Santos. Algumas faixasnas ruas e na Vila Olímpica Mestre André, local ondeela iniciou no esporte, mostra o carinho da comunidade com a caçulado atletismo brasileiro, que compõe a equipe na prova 4 x 100metros. A atleta, de 16 anos, é um expoente dos mais de trêsmil jovens que praticam diversas modalidades nas dependênciasda Vila Olímpica.A jovem velocista carioca ganhou amedalha de prata no Campeonato Mundial Juvenil de Atletismo,disputado na República Tcheca no início deste mês,na prova dos 100 metros rasos. Sua linhagem, entretanto, não éde atletas, mas de sambistas – seus tios são fundadores daEscola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel. Rosângelaé sobrinha do mestre Jorjão, diversas vezescampeão do carnaval na bateria da Mocidade, agora na Imperatriz. Apesar de gostar de samba, a atleta descobriu que tinhatalento para o esporte ao fazer parte da escolinha de atletismo daVila Olímpica.O local é mantido pela Prefeiturado Rio de Janeiro. Foi criado há cinco anos numa áreaque era usada por traficantes para venda e consumo de drogas. São1,7 mil metros com duas quadras poliesportivas, campo de futebol,pista de atletismo, piscina semi-olímpica, sala de jogos e dedança. Crianças, jovens, idosos e portadores dedeficiência física praticam 18 modalidades esportivasgratuitamente, entre futebol, basquete, judô, jiu-jitsu, vôlei,natação, atletismo e capoeira. Oito comunidadesvizinhas a Padre Miguel utilizam as dependências da VilaOlímpica, a primeira a ser criada na capital carioca.“Aquiera ponto de venda de drogas. A partir da criação daVila, esse local mudou a realidade da região, dando maisqualidade de vida aos seus moradores. Resgatamos valores perdidos,como o respeito e a união”, destaca o coordenador técnicoda Vila Olímpica, Paulo Henrique Oliveira Júnior. Olíder comunitário Clódio Alves da InvençãoFilho concorda, e ressalta que o espaço reacendeu no lugar oamor pelo esporte e a cidadania. “A região ganhou densidadepopulacional e perdemos espaço para o esporte e o lazer. AVila foi uma dádiva. É a casa do esporte. Aqui, osjovens aprendem o caminho para o bem.”Os filhosdo aposentado Francisco Baltazar Soares de Souza, 57 anos, fizeramjudô na Vila Olímpica. “A prática do esportetirou minhas crianças da ociosidade, ajudando noencaminhamento cidadão dos meus filhos”, frisa Baltazar, quefaz parte da Turma da Melhor Idade e pratica ginástica ehidroginástica com os irmãos Ipólito e WandyrTrindade. Segundo eles, o nome da Vila Olímpica é umahomenagem ao falecido Mestre André, que por muitos anos foi omestre da bateria da Padre Miguel e “ajudava muito a comunidade”.