Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Após visita ao Instituto Médico Legal de São Paulo, o médico Manoel Constant Neto, do Departamento de Antropologia Forense do Rio Grande do Sul, explicou que a identificação das vítimas do avião da TAM não pode ser feita somente por exame de DNA, que rastreia as semelhanças genéticas com os parentes. Segundo ele, o exame de DNA é cercado de mitos no sentido de que resolve qualquer impasse na identificação das vítimas com rapidez.Constant explicou que esse tipo de exame precisa ser feito com muito cuidado, que existem etapas a serem respeitadas e que é preciso atender a toda tecnologia exigida para que o exame seja eficaz. “Se for feito só pelo exame de DNA, teoricamente esse exame vai ter que ser comparado com cada um dos corpos até que bata a identificação. Imagine fazer isso com cada um dos corpos. É um processo normalmente no qual se tenta identificar os corpos por outros meios que vão reduzindo o leque de opções e a partir dessa redução vai se utilizando os métodos mais adequados até chegar no DNA”, disse.O médico salientou que existe uma falsa impressão de que o exame de DNA possa agilizar a identificação dos corpos no início da perícia. Segundo ele, muitas vezes outros elementos de identificação facilitam a análise e ao final da perícia dificilmente a identificação é feita com base em apenas um item. Ele disse ainda que não há prazo para o término das identificações e pediu que os familiares permitam que as investigações técnicas sejam feitas.Constant afirmou também acreditar que seja difícil que em outros locais do mundo, em uma tragédia dessa magnitude o processo de identificação feito da forma correta teria uma velocidade maior. “As pessoas entendem a dor, não tenham a ilusão de que as pessoas que estão aqui dentro trabalhando estão imunes algum tipo de sofrimento, à carga de angústia psicológica que esse tipo de situação dá. Eu garanto que não estão, mas eles têm uma obrigação com as famílias que é a de fazer a identificação correta, seguindo os preceitos científicos, de forma que surta os efeitos que têm que surtir, inclusive os efeitos legais”.Na semana passada, um Aribus 320 da empresa aérea TAM tentou pousar napista principal de Aeroporto de Congonhas, mas atravessou a pista semconseguir frear e colidiu com um terminal de cargas da própria empresapróximo à cabeceira da pista. A investigação da caixa-preta e a períciano local mostrarão qual as causas do acidente, o maior da história dopaís.