Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O deslizamento de terra na cabeceira da pista principal do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, reforça a necessidade de interdição do aeroporto mais movimentado do país, afirmou hoje (23) Paulo Tarsini, coordenador de Ações Jurídicas do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).A entidade é autora de um abaixo-assinado que pede o fechamento do aeroporto até a realização de uma perícia das condições de segurança do local. O Idec defende que o estudo não tenha a participação dos órgãos ligados à aviação civil. “Nós entendemos que a interdição é vital porque pairam muitas dúvidas sobre a segurança na utilização do aeroporto e as autoridades responsáveis pela aviação civil no país perderam a confiança do consumidor”, avaliou o coordenador.Para ele, o desabamento do barranco, que ocorreu no final da tarde de hoje, é apenas mais um exemplo da falta de condições de o aeroporto continuar a operar. “Os indícios da falta de segurança se somam aos montes, como sucessivos deslizamentos de aeronaves e reclamações de pilotos registradas”, comenta.Mesmo que as causas do acidente com o Airbus da TAM ainda não tenham sido elucidadas, acrescentou, o Aeroporto de Congonhas deve ter as atividades suspensas: “Embora se cogite que a tragédia tenha sido provocada por uma falha no avião, não se pode deixar de pensar que se a pista apresentasse condições ideais e uma área de escape, conforme as normas internacionais, talvez o desastre não teria acontecido”.De acordo com o Idec, o documento que reivindica a interdição de Congonhas até a elucidação das condições de segurança da pista obteve 1,7 mil assinaturas até o final da tarde de hoje. Nas próximas duas semanas, a entidade manterá o abaixo-assinado disponível no site www.idec.org.br.A iniciativa, explicou Paulo Tarsini, tem como objetivo conscientizar o consumidor para que ele possa decidir se quer embarcar ou pousar em Congonhas. “Defendemos que o consumidor, baseado na avaliação de um órgão independente, faça uma escolha livre sobre se quer utilizar o aeroporto”, disse.Ele ressaltou ainda que é ilegal a cobrança de multa, pelas companhias aéreas, ao consumidor que deseje mudar o local do pouso. “A alteração pedida pelo consumidor é baseada em um receio legítimo quanto à sua segurança”, justificou.A página do Idec na internet oferece um formulário-padrão para quem quiser pedir na Justiça a devolução da tarifa extra nesses casos. “As companhias aéreas freqüentemente mudam os locais de aterrissagem e de escalas dos vôos, sem dar nenhuma compensação ao passageiro”, observou o coordenador.O abaixo-assinado será encaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff; aos ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, da Defesa, Waldir Pires, e do Turismo, Marta Suplicy; e aos presidentes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, e da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), José Carlos Pereira.