Amorim defende mais comércio com Índia e África do Sul

17/07/2007 - 20h05

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O comércio entre Brasil, Índia e África do Sul pode chegar a US$ 15 bilhões em 2010. A meta foi proposta pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante a quarta reunião da Comissão Mista trilateral, realizada hoje (17) em Nova Delhi (Índia). “Os três países já têm o objetivo de alcançar um comércio total de US$ 10 bilhões este ano. Acredito que podemos ir além”, discursou na abertura do encontro, do qual participaram os chanceleres da Índia, Pranab Mukherjee, e da África do Sul, Nkosazana Dlamini-Zuma.Para incrementar as trocas comerciais, Amorim sugeriu maior aproximação entre as comunidades empresariais, a exemplo do que ocorre entre Brasil e Índia no âmbito do Fórum de CEOs (altos executivos) lançado durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Índia, no começo de junho. “Enquanto nos esforçamos para fortalecer o Conselho Empresarial do Ibas [grupo formado por Brasil, Índia e África do Sul], devemos estar conscientes de que a criação de um forte apoio empresarial para o grupo é um desafio de longo prazo. Isso requer trabalho intenso dos setores privados, algumas vezes mudando a cultura de negócios que distancia uns dos outros”, alertou.O ministro brasileiro também defendeu a intensificação dos trabalhos para a criação de uma área de livre comércio entre Mercosul, Índia e União Aduaneira da África Austral – Sacu, o grupo que reúne África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia). Em comunicado conjunto, Brasil, Índia e África do Sul declararam apoio à criação, até setembro, de um grupo de trabalho para tratar do tema O Brasil se propôs a trabalhar com a presidência pro tempore do Mercosul, o Paraguai, para a definição de data e local da primeira reunião do grupo de trabalho. A África do Sul tratará do tema com seus parceiros do Sacu.“Quando pronto, esse acordo trilateral criará a maior área econômica unificada entre os países em desenvolvimento, com 1,5 bilhão de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 2 trilhões”, disse Amorim na abertura da reunião. “Estamos plenamente conscientes de que devemos ser ambiciosos em termos de comércio mas, ao mesmo tempo, flexíveis em relação às sensibilidades envolvidas, especialmente aquelas das pequenas economias”, destacou. A atual rodada de negociações na Organização Mundial do Comércio também é prioritária para Brasil, Índia e África do Sul – os três países integram o G20 e, juntos, lutam pela abertura do mercado agrícola dos países desenvolvidos para a produção das nações em desenvolvimento. No comunicado conjunto, reafirmaram que o motor da rodada é a agricultura, “fundamental para o bem estar das populações mais vulneráveis”. O documento diz ainda que “deve ser alcançado um acordo que elimine as distorções no comércio, especialmente aquelas que limitam o acesso aos mercados desenvolvidos, incluindo os subsídios domésticos e outras formas de apoio interno oferecido pelos países desenvolvidos”. Os chanceleres dos três países em desenvolvimento asseguram que progressos nessas questões terão impacto positivo na Rodada Doha como um todo, em particular nas negociações de bens industrias e serviços. A abertura destes setores faz parte da barganha com os países desenvolvidos.