Conselho permitirá que TV Pública não seja "empresa para o governo mandar", diz Franklin Martins

05/07/2007 - 13h11

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um conselho formadopor personalidades representativas da sociedade, não ligado aogoverno, vai supervisionar a aplicação de princípioscomo pluralidade, respeito às minorias e à cidadania ediversidade regional, na nova TV pública que serácriada no país. Essa forma de gestão permitiráque esta não seja "a TV do Lula, a TV para o Lula mandarou para o governo mandar".As afirmações foram feitas peloministro da Secretaria de Comunicação Social daPresidência da República, Franklin Martins, aoparticipar hoje (5) do Seminário Políticas deComunicação Pública no Brasil, promovido pelossindicatos dos Radialistas do Distrito Federal e do Rio de Janeiro.Segundo o ministro, a intenção do governo não écriar apenas uma TV pública, mas todo um sistema decomunicação, que inclui rádio e internet. O ministro destacou que a criação doconselho não elimina totalmente o risco de a TV públicasofrer pressões por parte de governos ou grupos políticos."Sempre vai ter risco. Sempre vai ter a tentaçãode o governo querer dar pitaco, de fazer pressão. Qualquergoverno, o melhor governo, sempre tem a tentação defazer isso, mas é um terreno muito melhor para vocêevitar que esses interesses particulares, partidários ou degrupos prevaleçam sobre o interesse público".Franklin Martins lembrou que até o fim deagosto o governo vai enviar a proposta de criação da TVpública ao Congresso Nacional, mas ainda não estádefinido se será por projeto de lei ou medida provisória.Acrescentou que ainda não foi definido onde ficará asede da empresa, que vai surgir da fusão da Radiobráscom a TVE, nem o formato jurídico."Está saindo o último trem paraa TV pública no Brasil", disse Franklin, referindo-se àTV digital que terá as primeiras transmissões em 2 dedezembro em São Paulo. "A TV digital não garantesó a melhor qualidade de imagem, ela fornece recursosespetaculares de convergência de mídia, de fusãode televisão, internet, de possibilidade de transportarconteúdos para cá, para lá. O campo de TVpública hoje em dia está extremamente sucateado nosdiferentes estados. Se ele não ganhar musculatura, nãoformar uma rede, não tiver um salto neste momento, ele perde oúltimo trem e aí adeus".Sobre o modelo de financiamento, o ministroafirmou que a idéia é que a maior parte dos recursosesteja prevista em orçamento. "É preciso ummecanismo que garanta que o governo, que eventualmente, possa ficardesgostoso com esse ou aquele rumo, ou inflexão do sistemapúblico, não possa fechar a torneirinha e asfixiar a TVpública e o sistema público". Além doorçamento, segundo Martins, os recursos deverão vir deprestação de serviços, patrocínios e dedoações.Os empregados da Radiobras e da TVE que participaram do semináriotambém levaram ao ministro algumas preocupaçõescomo plano de cargos e salários, demissões, figura jurídica e localizaçãoda sede da nova empresa, pagamento de passivos trabalhistas e atuação multimídiados jornalistas (o profissional que na mesma empresa trabalha paramídias diferentes).De acordo com o ministro o sistema multimídia“veio para ficar” e torna os profissionais mais ágeis,mais completos e mais indispensáveis. "Agora, para isso,a empresa tem que dar treinamento, fazer as pessoas migrarem de umaforma não-temerosa, não-receosa, de uma forma maistranquila”.