Ativistas querem intensificar campanha por retirada das tropas brasileiras do Haiti

05/07/2007 - 21h34

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) pretende intensificar sua campanha pela retirada das tropas brasileiras do Haiti. Em coletiva à imprensa, hoje (5), o presidente da entidade, Antonio Donizete Ferreira, disse que a intenção é continuar a difundir a palavra de ordem “Fora já, fora já daqui. Bush do Iraque e Lula do Haiti”. Na semana passada, Ferreira coordenou uma delegação de 20 pessoas que visitou o Haiti por sete dias. Segundo ele, o objetivo da delegação foi conhecer a situação do país e “ver efetivamente o que é essa ocupação das tropas da Organização das Nações Unidas (ONU) lá”, comandadas pelo Brasil. “Saímos daqui com a certeza de defender a retirada das tropas e voltamos com a convicção absoluta de que as tropas têm que sair mesmo.” Participaram da delegação representantes da Ordem dos Advogados doBrasil (OAB), do Sindicato dos Petroleiros, do Sindicato dosProfessores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), doMovimento Urbano sem-teto (MUST), da Coordenação Nacional de Luta dosEstudantes (Conlute) e de outras organizações e partidos políticos.Uma das primeiras ações pela retirada será uma manifestação no Rio de Janeiro, marcada para o próximo dia 13 de julho. Também estão previstas uma exposição de fotos tiradas pela delegação durante a visita ao Haiti, a produção de um DVD para ser distribuído em escolas e a realização de palestras pelo Brasil.No Haiti, a delegação entregou ao presidente do país, René Préval, um documento chamado “Carta ao Povo do Haiti”, pedindo a retirada das tropas. “Estaremos juntos na luta pela desocupação do vosso território e seremos mais que solidários, pois somos parte de uma mesma luta”, cita o documento. “O Brasil foi para lá para ficar seis meses e está há três anos. E, se não tiver nenhuma campanha contra, vão ficar lá 60 anos”, disse Ferreira. De acordo com ele, a Missão das Nações Unidas pela Estabilização no Haiti, a Minustah, está lá para transformar o Haiti numa plataforma para exportação de produtos multinacionais (como roupas e artigos de marca) e para transformar o país em um grande produtor de etanol, explorando a mão-de-obra barata. “Não é coturno, não é fuzil, não é bala que resolve o problema daquele povo”, afirmou.“Se ocupação é processo de desenvolvimento e estabilidade, o Haiti seria a maior potência do mundo. Acho que nenhum país do mundo viveu tão ocupado quanto o Haiti”, acredita Ferreira. O ideal, segundo ele, seria que o povo haitiano pudesse “descobrir o seu próprio caminho e decidir sua vida sozinho”.