Comerciantes reclamam de "monopólio" na produção de artigos para os jogos

05/07/2007 - 11h01

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Considerado o maior centro comercial a céu aberto da América Latina, a Rua da Alfândega e suas adjacências não deve ter um aumento significativo nas vendas durante os Jogos Pan-Americanos. Os comerciantes da Sociedade de Amigos e Adjacências da Rua da Alfândega (Saara) reclamam das restrições impostas para a produção e distribuição de artigos relacionados aos jogos.De acordo com eles, as autorizações dadas pela prefeitura da cidade e pelo Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos restringiram a produção a empresas de grande porte, que não distribuem os produtos para pequenos comerciantes."Não temos nenhum artigo concernente ao Pan. O que nós temos é artigo referente à Pátria. São bandeiras, chapéus, bolas, chaveiros, mas tudo concernente à Pátria porque a prefeitura não deu o direito de ninguém fazer nada aqui pela Saara”, afirma o presidente da Saara, Ênio Bittencourt.Segundo ele, um comerciante da associação que fez camisas alusivas ao Pan teve a sua mercadoria apreendida. “Ninguém veio vender para os lojistas mercadoria alusiva aos jogos para revenda. Está tudo nas mãos de uma firma. A informação que eu tive é que essa firma pagou à prefeitura e ficou com o monopólio de tudo.”Para a Saara, comercialmente, o Pan será um fracasso. "A única vantagem que nós vamos ter é que os turistas vão passar pela região”, avalia o presidente da sociedade. A Rua da Alfândega e suas adjacências foram incluídas pela prefeitura nos roteiros turísticos do Pan. As 11 ruas do centro comercial abrigam 1,2 mil lojas.A sociedade de comerciantes locais obteve autorização apenas para enfeitar as ruas com faixas de propaganda do Pan. A  Saara foi criada em 1962 pelos comerciantes de uma das regiões comerciais mais antigas da cidade do Rio de Janeiro  e passou a identificar todo o trecho da capital circundado pelas ruas dos Andradas, Buenos Aires, Alfândega e Praça da República.

O presidente do Conselho de Varejo da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Daniel Plá, acredita que a Saara ainda não entrou "no clima" do Pan porque “existe um cuidado muito grande em relação aos produtos da marca dos jogos". "Esses produtos estão extremamente raros e controlados”, diz Plá.

Ele reconhece que, em função da licitação realizada pela prefeitura carioca, os produtos da marca do Pan se tornaram monopólio de poucas empresas. “Ou seja, o varejo não está se beneficiando no sentido de vender os produtos dos Jogos Pan-Americanos porque praticamente você não encontra esses artigos.”A Prefeitura do Rio e o governo do estado farão, durante os jogos, um trabalho conjunto para coibir o comércio ilegal, principalmente em bancas de vendedores ambulantes. Antes mesmo de ser lançado no comércio formal, obonequinho Cauê,  mascote do Pan, chegou a ser oferecido em algumasbancas da cidade.Aassessora de Marketing do Comitê Organizador dos JogosPan-Americanos (Co-Rio), Adriana Vallim, diz que o comitê não tem poder de polícia para fiscalizar e apreendermercadorias. Sua atuação se restringe a comunicar à área de segurançado estado a ocorrência de vendas ilegais de produtos com a marca doPan a partir de denúncias  recebidas dessa prática.“Seo Co-Rio vir alguma prática de comércio ilegal ou for comunicado sobreisso, ele vai informar às autoridades competentes”, afirma a assessora. Segundo ela, a marca Rio 2007 é uma propriedade do Co-Rio é só quempode se associar a ela são as empresas que licenciaram a marca para fabricar produtos ou os patrocinadores, que têm esse direito.Atéo momento, cerca de 36 empresas licenciaram a marca, totalizando emtorno de 700 produtos alusivos ao Pan. A expectativa para o varejo é de faturamento da ordem de R$ 100milhões, pelos cálculos do Comitê Organizador dos JogosPan-Americanos. O Co-Rio espera arrecadar R$ 10 milhões com o licenciamento dosprodutos. O licenciamento ainda está disponível no comitê.