Clima é de aparente tranquilidade no Complexo do Alemão, mas acessos continuam ocupados

29/06/2007 - 13h16

Luiza Bandeira*
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Dois dias após a megaoperação da polícia nas favelas do Complexo do Alemão, o clima é de aparente tranqüilidade no local, apesar de os acessos continuarem ocupados por agentes da Força Nacional de Segurança e por policiais militares.As sete escolas e uma creche do município localizadas na região, que fecharam na quarta-feira (27) por causa da operação policial, voltaram a abrir hoje (29).Em nota divulgada hoje, a Secretaria Municipal de Educação informou que o índice de freqüência foi muito baixo, "de apenas 5% de um total de 4.700 alunos".De acordo com a nota, os professores foram orientados a cumprir o horário de trabalho nas escolas, mesmo sem a presença dos alunos.As cinco escolas e duas creches da rede municipal da Vila Cruzeiro (comunidade que fica em outro lado do morro do Alemão) continuam fechadas e os cerca de 5 mil alunos estão tendo aulas no Ciep Gregório Bezerra, distante dois quilômetros da comunidade.Ontem (28), a Secretaria estadual de Saúde informou que nenhuma vítima do conflito deu entrada nos hospitais da rede. Pela manhã, o carro blindado da Polícia Militar, conhecido como Caveirão, chegou a entrar na favela da Fazendinha, mas não houve registro de novos conflitos durante todo o dia. Os policiais militares e da Força Nacional de Segurança continuam a patrulhar as 27 entradas do Complexo.Representantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, da seção Rio de Janeiro (OAB-RJ), da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), e de entidades civis, foram à sede da Secretaria de Estado de Segurança, no Centro.Eles solicitaram uma reunião com o secretário de segurança, José Mariano Beltrame, para apurar denúncias de abusos cometidos por policiais na mega-operação realizada ontem(27), que resultou na morte de 19 pessoas.Como Beltrame não estava na secretaria, quem atendeu o grupo foi o subsecretário de Segurança Márcio Derene. O subsecretário, no entanto, disse ao presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, Alessandro Molon (PT), que não poderia atender todos os representantes de entidades presentes, e sugeriu que a reunião fosse feita na próxima terça-feira (3), com a presença do secretário Beltrame e de representantes das polícias civil e militar.Os representantes das dez entidades civis devem se reunir hoje para decidir se aceitam a proposta do encontro a ser realizado na próxima semana. "O subsecretário disse que recebe de bom grado qualquer denúncia contra excesso policial. Ele disse que, se houver qualquer indício, qualquer elemento de prova, que seja trazido, porque serão recebidos e apurados", acrescentou Molon.