Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (Sapê) quer que a licença ambiental para a construção da usina nuclear de Angra 3 traga todas as salvaguardas que devem ser realizadas pelo governo federal. A licença foi abordada em três audiências públicas efetuadas na última semana pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com o objetivo de prestar esclarecimentos sobre o projeto.A Sapê defende que qualquer processo de licenciamento respeite as normas para as quais ele se propõe. Ou seja, ele deve apresentar todas as salvaguardas do ponto de vista ambiental. Entre elas, citou a questão do lixo nuclear e o plano de emergência. José Rafael Ribeiro disse que o valor do descomissionamento de uma usina nuclear no Brasil é de U$ 240 milhões, valor muito baixo em relação aos U$ 1 bilhão destinados internacionalmente para essa finalidade.Como a usina nuclear de Angra 1, por exemplo, tem vida útil estimada em cerca de 60 anos, terão de ser tomadas providências para deixar a região livre de radioatividade e garantir condições ambientais findo esse prazo. Então, por descomissionamento se entende todos os procedimentos para tirar a radioatividade do ambiente de uma usina nuclear após o fim de sua vida útil.Outro problema levantado pela Sapê é que não existe em Angra dos Reis um sistema de saúde adequado que atenda a região durante o ano e nos períodos de pico naquele município turístico. “Se você não tem isso na normalidade, não tem isso no caso de um acidente. Então, precisaria para ser lógico e racional, como se propõe o complexo nuclear, que todas as possibilidades fossem atendidas, desde as mais improváveis”, criticou o conselheiro da Sapê, José Rafael Ribeiro.Além das questões ambientais, Ribeiro criticou a falta de preocupação com o fluxo migratório para a região. “O Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) não prevêem que vai haver fluxo migratório para a construção de Angra 3. Isso é uma história da Carochinha. Uma obra que no seu pico emprega quase dez mil operários vai implicar certamente em um fluxo migratório para cá”, ironizou.O ambientalista acredita que a obra de Angra 3 poderá elevar em pelo menos mais 30 mil o atual número de 130 mil moradores de Angra dos Reis que, segundo ele, já está apresentando um caos urbano. O nível de habitação é sub-humano e a violência está crescente, denunciou.A Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (Sapê) é uma organização não governamental sediada na cidade de Angra dos Reis que atua desde a década de 1970 contra a instalação das usinas nucleares no país.