Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A crise no setoraéreo brasileiro está mais relacionada a problemas degestão na Aeronáutica e ao clima de tensão entreos controladores de vôo do que a falhas em equipamentos decontrole de tráfego, avaliou hoje (25) o presidente daComissão Parlamentar de Inquérito do ApagãoAéreo da Câmara, deputado federal Marcelo Castro(PMDB-PI). Segundo ele, o sistema de controle de tráfego aéreobrasileiro é seguro e é um dos melhores do mundo.“O que estácausando o transtorno é um problema de gestão e umproblema psicológico, essa que é a verdade. É atensão, o desentendimento, o conflito que existe hoje entre oscontroladores e os comandantes da Aeronáutica que estátrazendo todo esse transtorno”. Segundo o parlamentar, os problemascomeçaram após o acidente entre um jato Legacy e umBoeing da Gol, em setembro do ano passado, que deixou 154 mortos.“Até oacidente, tudo parecia que estava funcionando bem. Aconteceu oacidente, com isso vieram os inquéritos da PolíciaFederal, veio a CPI, as manifestações públicase, de certa forma, os controladores foram responsabilizados em partepelo acidente. Então criou-se um clima muito ruim, um climamuito tenso no meio dos controladores”, disse Castro, em entrevistaao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional AM.O deputado afirmouque na semana passada, durante visita de integrantes da CPI ao CentroIntegrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo(Cindacta) 1 em Brasília, teve a oportunidade de constatar asituação de conflito. “Conversamos com os técnicosque dão manutenção nos equipamentos, com oscontroladores e as autoridades aeronáuticas, entãovimos flagrantemente uma conflito que nos trouxe uma grandeapreensão”.Segundo MarceloCastro, a ida ao Cindacta levou a CPI a pedir uma reunião como ministro da Defesa, Waldir Pires, que ocorreu na últimaquinta-feira (22). Na ocasião, Castro pediu que o ministrointerviesse na situação e buscasse “uma maneira deresolver esse conflito, por que a gente via que estava se acentuandocada vez mais”.De acordo compresidente, o relatório da CPI deverá trazer umdiagnóstico dos problemas no setor aéreo, assim comoapontar soluções para melhorar os atendimento aospassageiros, inclusive com eventuais propostas de mudançaslegislativas que os integrantes da comissão julgaremnecessárias. A previsão, segundo Castro, é queos trabalhos da CPI, instalada no início de maio, terminem nofinal de setembro.“No que nósestudamos até agora, já estamos com uma visãobastante abrangente, mas evidentemente que nós ainda nãochegamos a uma conclusão final porque ainda faltam dois mesese pouco para o final da CPI agora seria precipitado dizerdefinitivamente qualquer solução”.Na entrevista, Castrotambém falou sobre a proposta de desmilitarizaçãodo controle do tráfego aéreo. Segundo o parlamentar,não há consenso entre os integrantes da CPI sobre aproposta. Castro disse que pessoalmente é contra adesmilitarização.“A questãodo militarismo eu vejo mais como uma questão salarial do queuma questão de hierarquia ou disciplina militar, que, no meuentender, não são incompatíveis com nenhumaprofissão na face da terra, muito menos de controlador”,disse.Na avaliaçãodo deputado, uma saída para melhorar os salários doscontroladores no sistema atual seria permitir que eles fizessemconcurso na Aeronáutica, para progredir na carreira. “Hoje,a pessoa que é controlador, é sargento, a perspectivadele é ficar de sargento até sub-oficial”.