Crime no Rio expõe discriminação, alerta Rede de Prostitutas

25/06/2007 - 19h54

Mariana Rozadas
Da Agência Brasil
Brasília - A agressão a Sirley Dias de Carvalho Pinto, de 32 anos, mostra o preconceito da sociedade contra as profissionais do sexo, segundo a coordenadora da Rede Brasileira de Prostitutas, Gabriela Leite. Empregada doméstica, Sirley foi agredida por um grupo de cinco jovens este final de semana. Detidos, os jovens alegaram que a confundiram com uma prostituta."Todos jovens bem nascidos, que estudaram em boas escolas... ali não tem nenhum menino da favela", destaca Gabriela Leite. "Que educação é essa que faz com que esses rapazes pensem que podem sair por aí e bater em qualquer um?". Dos cinco agressores, apenas um continua foragido. Os quatro detidos são um estudante de 19 anos, um aluno de administração, de 20 anos, um técnico de informática, de 19 e um estudante de gastronomia, de 21. Todos confessaram o crime."Eles se esquecem que as prostitutas também são mulheres, pessoas comuns, cidadãs brasileiras que trabalham e não roubam ninguém, não cometem crimes como o deles", lamenta Gabriela Leite.O psicanalista Luis Alberto Pi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta como causa deste tipo de violência a impunidade. "Onde a Justiça deveria ser mais severa que é com as altas autoridades, é exatamente onde ela é mais generosa para com os criminosos. Isso vai decompondo, gangrenando o tecido social de uma forma tal que repercute depois nos jovens em formação", afirma. "Como pais, todos devemos fazer um esforço para dar essas diretrizes básicas pros nossos filhos: crime é crime, o que é errado é errado".