Pesquisa registra melhor padrão de vida e mais gastos com serviços públicos

23/06/2007 - 11h00

Renato Brandão
Da Agência Brasil
São Paulo - O padrão de vida médio das famílias brasileiras melhoroudesde 1987, mas no mesmo período houve aumento de gastos com serviços públicos. A conclusão é do estudo Gasto e Consumo das Famílias Brasileiras Contemporâneas,realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgado nestasemana.Para o trabalho, 41 pesquisadores deuniversidades federais, que compararam dados coletados na Pesquisa de OrçamentoFamiliar (POF) realizado entre 1987 e 2003 pelo Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE), em 11 regiões metropolitanas do país.“Do ponto de vista dos serviços públicos houve uma piora do bem-estar do brasileiro”, avaliou a economista Tatiane Menezes, professora da Universidade Federal dePernambuco (UFPE) e uma das pesquisadoras da obra.Segundo a economista, as despesas com transporte e educação aumentaram, mas os gastos com saúde caíram. "O padrão de vida dos brasileirosmelhorou, mas o fato de os gastos com serviçospúblicos serem muito altos reflete que a oferta desses serviços por parte dosetor público ainda é deficitária. Gostaríamos que os gastos com os serviçospúblicos no Brasil tivessem caído, porque isso significa que eu estou tirandomeu filho de uma escola particular e botando na escola pública”, disse.Entre as classes mais pobres, maiores dependentes do serviçopúblico, a situação não se alterou muito no período, lembrou a pesquisa. "Em compensação, elas passaram a gastar mais recursos em outras coisas, como bens-duráveis, geladeira, televisão e cultura – nunca a população pobre consumiu tanto CDs,mesmo que sejam piratas”, acrescentou. As despesas com transportes diminuíram de 13,08% no biênio1987/88 para 12,07% em 1995/96, mas voltaram a subir para 13,12% em2002/03. De acordo com a pesquisa, o ônibus vem perdendo espaço para meios detransportes alternativos – como lotações e, em algumas regiões do país,mototáxis –, por causa do aumento das tarifas. A população de menor rendatambém tem utilizado bicicletas.O estudo – em dois volumes, disponíveis em livrarias e também no endereço eletrônico ipea.gov.br, constatou que os gastos médios com saúde em cadafamília subiram de 6,29% em 1987/88 para 8% em 1995/96, mas caírampara 6,91% em 2002/03. “Essa redução nos gastos com saúde explica uma maiorconfiança no Sistema Único de Saúde”, disse a pesquisadora, para quem isso indicaria que partedos brasileiros, especialmente os mais pobres, "migrou dosplanos de saúde privados para o SUS".