STF nega habeas corpus sobre Operação Furacão e advogados fazem manobra de defesa

20/06/2007 - 18h20

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Supremo Tribunal Federal (STF) negou nesta quarta-feira (20), por unanimidade, as liminares de habeas corpus solicitadas por quatro suspeitos de envolvimento com o esquema investigado pela primeira fase da Operação Furacão. Eles pediam que seus inquéritos seguissem no próprio STF, ao invés de correr na Justiça Federal, para onde foram enviados com o desmembramento das investigações.Os advogados do delegado da PF, Carlos Pereira da Silva, do advogado Silvério Nery Cabral Júnior, do delegado aposentado da PF, Luiz Paulo Dias de Mattos, e de sua esposa, Susie Pinheiro Dias de Mattos, também delegada da PF, questionavam decisão do relator do inquérito no STF, ministro Cezar Peluso que, ao determinar o desmembramento do inquérito, enviou parte dele para a 6ª Vara Federal do Rio de Janeiro, onde havia surgido a investigação, mantendo apenas parte dele no STF.Ou seja, os advogados sustentavam que seus clientes também deveriam ser julgados no STF. Para eles, os delitos atribuídos a seus clientes teriam vínculo com os fatos apurados pelo inquérito que segue no STF, o que justificaria a reunião das ações e do julgamento. Normalmente, a razão para o pedido pode ser uma tentativa de retardar o julgamento final, pois até ministros do STF admitem que o tribunal não dispõe do aparato necessário para realizar rapidamente uma investigação deste porte.No STF, permaneceram apenas os inquéritos relativos ao ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Paulo Medina; os desembargadores do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região, José Eduardo Carreira Alvim e José Ricardo Regueira; o juiz do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas, Ernesto da Luz Pinto Dória, e o procurador-regional da República, João Sérgio Leal Pereira.Deflagrada pela Polícia Federal (PF) no dia 13 de abril com o objetivo de deter supostos envolvidos em esquemas de exploração de jogo ilegal e venda de sentenças judiciais que permitiam além da importação de máquinas caça-niqueis, o funcionamento de bingos, a Operação Furacão resultou na prisão de 28 pessoas.Segundo o inquérito que corre na 6ª Vara, o delegado Pereira da Silva é suspeito de ter fornecido informações sobre as operações policiais para os chefes da quadrilha alvo da investigação. Já o advogado Cabral Júnior foi acusado de ter intermediado o pagamento de propina ao seu genro, o ex-desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF), José Eduardo Carreira Alvim. O delegado aposentado da PF Luiz Paulo Dias de Mattos e sua esposa, Susie Mattos também são suspeitos de, mediante pagamento, fornecer informações privilegiadas à quadrilha.