Juliana Andrade e Roberta Lopes
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), major-brigadeiro-do-ar Ramon Borges Cardoso, atribuiu os atrasos de vôos nos principais aeroportos brasileiros à substituição de monitores de trabalho (consoles) no Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo em Brasília (Cindacta-1). Segundo Cardoso, cinco dos nove equipamentos apresentaram problemas técnicos e tiveram que ser trocados ontem (19).“Durante esse período de troca, que não é uma coisa rápida, houve essa demora por não termos condições operacionais. Até que isso fosse atingido [condições operacionais], as aeronaves não tinham condições de decolar porque não havia a possibilidade de fazer o controle, então foi muito mais por segurança do que por outra coisa”, explicou o diretor, em depoimento hoje (20) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, do Senado.O brigadeiro disse que houve divergências entre os controladores e a área técnica do Cindacta sobre a necessidade de trocar os equipamentos. Segundo ele, a área técnica dizia que os monitores tinham 95% da condição total de operação, mas os controladores consideravam que isso não era suficiente. “Os controladores julgavam que os monitores não estavam em condições, enquanto a área técnica dava o parecer de que eles [os monitores] estavam em condições. Como o controlador é quem dá a palavra final em relação à segurança dos vôos, nós fizemos a troca dos monitores”. De acordo com Cardoso, a substituição dos equipamentos estava programada para hoje, mas foi antecipada devido ao alerta dos controladores. Ele negou que os equipamentos trocados estivessem obsoletos. Balanço divulgado hoje pela Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) mostra que um vôo em cada cinco programados para até as dez horas da manhã de hoje partiu com atraso de mais de uma hora. De um total de 594 vôos, 123 registraram atraso (20,7%) de mais de hora e 39 foram cancelados (6,5%). Os aeroportos que apresentaram o maior percentual de vôos atrasados são os de Recife (52,6%), de Fortaleza (39,1%), de Brasília (36%), de Belém (33,3%) e de Salvador (31,5%). O aeroporto da capital baiana foi o que registrou o maior índice de vôos cancelados, 15,7%. De um total de 38 vôos, seis foram cancelados e 12 partiram com mais de uma hora de atraso. No aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, foram 12 atrasos, entre 76 vôos programados, e seis cancelamentos. Já em Congonhas, também em São Paulo, não houve nenhum vôo cancelado, de um total de 73 previstos, mas seis partiram com atraso. No Galeão, no Rio de Janeiro, sete vôos foram cancelados e 11 sofreram atraso de mais de uma hora, entre os 55 programados.