Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Conselho de Ética do Senado deve votar sexta-feira (15), às 10 horas, o parecer do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) pelo arquivamento da representação do P-SOL para que sejam investigadas denúncias publicadas na imprensa de que o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), teria contas pessoais pagas por terceiros. O relatório poderia ter sido votado hoje (13), mas, após um debate de mais de quatro horas, o presidente do Conselho, SibáMachado (PT-AC), decidiu conceder prazo de 48 horas para que os membros pudessem estudar a documentação enviada pela Corregedoria do Senado e por Renan Calheiros. A decisão não agradou a alguns parlamentares. Jefferson Péres (PDT-AM) queria um prazo mínimo de cinco dias para avaliar a documentação. Diante da decisão do presidente da comissão, Péres já anunciou que apresentará sexta-feira seu voto em separado. Este é um instrumento regimental que, uma vez derrotado no plenário da comissão, o parecer do relator é posto em votação para ser analisados pelos senadores do conselho. No seu voto, Péres proporá uma investigação mais profunda das denúncias. "Não estou satisfeito, primeiro, com a falta de uma investigação mais profunda que não foi feita e, em segundo lugar, com o prazo curtíssimo para a vista coletiva, afirmou. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) também deve apresentar voto em separado. O Democratas defende a suspensão da votação do relatório de Cafeteira para que os documentos enviados ao conselho sejam periciados por técnicos do Senado e as pessoas envolvidas nas denúncias sejam ouvidas pelos conselheiros. Nesse caso específico, o funcionário da empresa Mendes Júnior Cláudio Gontijo, apontado pela revista Veja como a fonte pagadora de R$ 12 mil ( R$ 8 mil como pensão informal e R$ 4 mil de aluguel de imóvel) à jornalista Mônica Veloso, com quem Renan Calheiros tem uma filha. Demóstenes Torres argumentou que, sem ouvir essas pessoas, "não há condição de votar" orelatório de Cafeteira. O presidente do Conselho de Ética, por sua vez, afirma que não há mais por que convocar qualquer audiência até que se vote o parecer do relator. "[A votação] caminha para o que já foi analisado, o relatório tem agora que ser derrotado para que se mude o curso dele. Se for aprovado, está encerrada a matéria". Sibá Machado disse ainda que o prazo de 48 horas é compatível com a quantidade de documentos que está à disposição dos senadores.