Assessoria de Márcio Fortes diz que gravações da PF não correspondem a voz do ministro

13/06/2007 - 17h03

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um dia após a Polícia Federal (PF) ter confirmado que as investigações da Operação Navalha não revelaram nada que justificasse uma ação contra o ministro das Cidades, Márcio Fortes, a assessoria do ministério afirmou que as gravações telefônicas grampeadas pela PF com autorização da Justiça, e inicialmente atribuídas ao ministro, na verdade revelam um funcionário do ministério, que também se chamaria Márcio, conversando com pessoas identificadas como lobistas.Segundo a assessoria do ministério, das gravações juntadas ao inquérito, o único telefonema que realmente traz a voz do ministro é uma conversa deste com o ex-superintendente de Produtos e Repasse da Caixa Econômica Federal (CEF), Flávio José Pin. A assessoria do ministério explicou que as conversas entre o ministro e Pin eram frequentes e tratavam exclusivamente de trabalho, uma vez que o ministério repassa à CEF os recursos necessários para a execução de obras já licitadas pelas prefeituras. A assessoria frisou que o ministério não realiza licitações e que compete à Superintendência de Produtos e Repasses da Caixa liberar às cidades conveniadas os valores equivalentes.A assessoria da PF disse ainda não ter recebido nenhuma informação a esse respeito, mas reafirmou que as gravações não trazem indícios de que o ministro participasse do esquema acusado de fraudar licitações e desviar recursos públicos de programas federais como o Luz para Todos. Embora o nome de Fortes seja citado por outros investigados, a PF considera que isso por si só não comprova sua participação.Flávio José Pin chegou a ser preso, acusado pela PF de ter orientado a organização criminosa na solução das pendências que pudessem prejudicar a formalização dos contratos de repasse a entes públicos. A acusação seria de que ele facilitava a utilização de recursos nas obras irregulares da construtora Gautama, de Zuleido Veras, apontado como mentor do esquema.A assessoria do Ministério Público Federal (MPF) confirma a informação de que, até o momento, não há nenhum indício contra o ministro e nega que o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, tenha pedido para a PF voltar a analisar as gravações telefônicas, conforme chegou a ser divulgado hoje pela imprensa. Ainda segundo a assessoria do Ministério das Cidades, Márcio Fortes solicitou hoje (13) formalmente ao Ministério da Justiça as transcrições de todos os diálogos envolvendo ele ou o funcionário da pasta.