Medidas do BC em relação ao câmbio ajudam a preservar país de crises externas, diz professor

12/06/2007 - 19h40

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As medidas anunciadas pelo Banco Central (BC) na semana passada que alteram as operações dos bancos em moeda estrangeira apontam mais no sentido de reduzir os riscos cambiais para o sistema financeiro que para conter a desvalorização do dólar norte-americano perante o real. A avaliação é do professor de Economia da Universidade Federal do Pará Sérgio Bacuri. Em entrevista hoje (12) ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional, ele disse que o BC preocupou-se principalmente em diminuir a exposição do setor finnaceiro às divisas externas. Isso porque, o excesso de operações de câmbio, segundo ele, tornaria os bancos brasileiros mais vulneráveis a crises internacionais.“O Banco Central quer impedir que os bancos continuem a se comprometer com moedas estrangeiras, estando mais sujeitos a passar por crises caso haja alguma mudança no cenário internacional”, disse Bacuri. “É melhor agir logo que deixar para resolver o problema quando o sistema financeiro estiver no limite da solvência, como aconteceu com o socorro a diversos bancos na década passada”.Além de evitar essa situação, o professor avalia que as mudanças determinadas pela autoridade monetária também são importantes para preservar a economia do país de crises externas. “Essa postura preventiva ajuda a não desestruturar o panorama econômico brasileiro, que está estabilizado nos últimos anos”.Na opinião dele, a cotação do dólar está abaixo dos R$ 2 por causa do excesso de oferta da moeda norte-americana no mercado brasileiro, provocada pela entrada tanto de recursos provenientes das exportações como de capitais estrangeiros – dos quais grande parte vem das compras de dólares pelas instituições financeiras. “Existe um quadro todo que vai manter o dólar baixo durante muito tempo”.Segundo ele, a cotação só não está mais baixa porque o BC tem intervido no mercado financeiro, comprando dólares. “Se deixasse o mercado agir sozinho, o dólar estaria em torno de R$ 1,50”, estimou. “Essa é uma situação que não vai ser revertida a curto prazo”.No último dia 8, o BC publicou três circulares que reduzem a margem dos bancos para operar com moeda estrangeira. A primeira reduz o limite para a exposição cambial (manutenção de aplicações em moedas estrangeiras) de 60% para 30% do patrimônio de referência do banco. A mudança impediu o setor financeiro de comprometer maiores parcelas do capital na compra de dólares.Outra circular endureceu as regras, elevando, a partir de 2 de julho, de 50% para 100% do capital o valor que os bancos declaram como seguro para a atuação no mercado de câmbio. Por fim, o BC restringiu as operações em moeda estrangeira das filiais brasileiras de bancos internacionais. Também a partir de 2 de julho, os recursos movimentados entre as agências no Brasil e no exterior vão ser computados dentro do limite das instituições. Até agora, as transferências de dólares dentro de uma mesma instituição não estavam submetidas a nenhum teto.