Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Salvador (BA) - A cidade de Salvador abre espaço, a partir de hoje(12), para o primeiro Encontro de Cultura Colaborativa (ECCO),promovido pelo governo federal e pelo governo da Bahia, em parceria coma prefeitura da capital baiana. Durante quatro dias, o evento reunirácerca de 400 participantes de todo o país em torno da discussão sobre acultura colaborativa. Esse tipo de produção se baseia no conceito deinformação livre, tanto em termos de acesso como de possibilidade de sealterar os conteúdos produzidos e valoriza, sobretudo, adescentralização dos pólos produtores e a criação compartilhada. Entreos exemplos de espaços virtuais em que se trabalha os princípios dacultura colaborativa estão a enciclopédia virtual Wikipédia e o Youtube.No encontro em Salvador haverá uma série deatividades para tratar de planejamento, gestão, capacitação e troca deconhecimentos relacionados a projetos de inclusão social, cultural edigital. Serão discutidos temas como comunicação e desenvolvimento,educação e tecnologia, economia solidária, políticas públicas desoftware livre e comunicação comunitária. “Vamos discutir diversos temas e diversas maneiras,como ferramentas da internet e tecnológicas, de como praticar a culturacolaborativa”, explica Edgar Piccino, secretário executivo do projetoCasa Brasil.O projeto é uma iniciativa interministerial que tem oobjetivo de reduzir a desigualdade social em regiões de baixo Índice deDesenvolvimento Humano (IDH), por meio da formação e capacitação dascomunidades em tecnologia e com apoio à produção cultural local. Ao todo, são 50 unidades em todo o país, onde acomunidade tem acesso a telecentros, cursos de informática, sala deleitura e estúdio multimídia, entre outros. “É um complexo cultural,artístico e de acesso às novas tecnologias que procura levar àperiferia das grandes cidades e regiões de baixa renda oportunidade deter acesso a novas tecnologias e condições de colocar as suasmanifestações culturais e artísticas para o mundo”, ressalta Piccino. Ao lado do projeto Pontos de Cultura, do ProgramaCultura Viva, do Ministério da Cultura, o Casa Brasil é uma dasprincipais ações do governo federal na área de inclusão digital e decultura colaborativa. De acordo com o secretário executivo do CasaBrasil, apesar de ser bastante atual, a prática da cultua colaborativaé antiga e foi usada, por exemplo, para escrever a Bíblia.Mas segundo ele, com o surgimento do capitalismo,“entramos num momento de competição irrestrita, inclusive na produçãointelectual”. Um dos problemas, na avaliação de Piccini, é avalorização da patente. “Existe um discurso que favorece o lucro, que éo discurso da patente, que a patente estimula a inovação, que a patenteestimula a criação e nós acreditamos que não, acreditamos que o queestimula a criação é a comunicação, o diálogo, a construção coletiva,não a patente”.Para o secretário, “estimular a culturacolaborativa é uma forma de resistir à lógica de mercado”. Nestesentido, ele destacou a importância do uso do software livre, programa de computador livre, com código aberto. “É uma opçãoestratégica do governo brasileiro para internalizar a tecnologia epromover mais justiça social e é um dos pilares da discussão da culturacolaborativa”.Segundo ele, o uso de programas com código fechado éprejudicial para o país. “Não ter acesso ao código fonte do sistemaoperacional que nós utilizamos majoritariamente no Brasil significa opaís ser dependente de códigos fechados que estão fora do país, entãonós não internalizamos tecnologia, internalizamos uso de tecnologia”,explica.