Embaixador da Venezuela defende decisão de não renovar concessão da RCTV

10/06/2007 - 15h21

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O embaixador da Venezuela no Brasil, Julio Garcia Montoya, garantiu em entrevista à TV Brasil que o Ministério de Comunicação de seu país tomou a decisão de não renovar a concessão de freqüência de emissora privada da RCTV (Rádio Caracas Televisão) com respaldo jurídico da Lei de Responsabilidade Social em Rádio e Televisão. “A emissora desrespeitou os horários de programação. Há horários que são expressamente para o público infantil e aí houve violação e também a transmissão de mensagens de forte conteúdo sexual”, disse. A RCTV deixou de transmitir sua programação por sinal aberto em 27 de maio. E foi substituída pelo novo canal público do país, a TVES (Televisora Venezolana Social). Para o embaixador, a decisão não foi arbitrári:. “Não há nada mais injusto do que chamar de ameaça à liberdade de expressão uma iniciativa governamental que aponta precisamente para o contrário. Para democratizar as comunicações se impõe o estabelecimento de um novo modelo comunicacional”.Na sexta-feira (8), o embaixador recebeu um grupo de 12 deputados e um senador da base aliada do governo, que manifestaram seu apoio à decisão do presidente Hugo Chávez e esclareceram ter posição diferente da manifestada outros parlamentares que se opões ao encerramento da concessão.De acordo com a reportagem da TV Brasil, 46 dos atuais 48 canais de televisão da Venezuela são de propriedade privada. A própria RCTV continua a exibir sua programação via cabo. Já a rede de emissoras de canal aberto conta com a Venevisión (do milionário empresário Gustavo Cisneros), além de outras empresas de grande porte, como a Globovisión, que desde quinta-feira (7) transmite o telejornal El Observador, da RCTV.A diretoria da RCTV promete se reorganizar e seguir trabalhando. “Começa uma luta. Não violenta, mas ativa, muito ativa. A luta pela liberdade de expressão na Venezuela deve ser uma luta de cada cidadão. Hoje nos arrebatam uma opção de informação e entretenimento. Não avançamos ao socialismo. Chegamos ao totalitarismo”, disse Marcel Granier, diretor-geral da RCTV no último dia de transmissão aberta da emissora.