Petrobras parou de investir na Bolívia, diz diretor

08/05/2007 - 17h23

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os investimentos daPetrobras na Bolívia estão parados e em fase dereavaliação, inclusive os destinados ao aumento daoferta de gás natural naquele país. A informaçãofoi dada hoje (8) pelo diretor de Abastecimento e Refino da estatal,Paulo Roberto Costa, que fez uma única ressalva: foi mantida aprodução mínima de gás essencial paraabastecer o Brasil.A paralisação ocorreu emvirtude da transferência para a Yacimientos PetrolíferosFiscales Bolivianos (YPFB), a estatal local, de todas as operaçõesde exportação de petróleo cru condicionado e dasgasolinas brancas. Anunciada domingo pelo presidente Evo Morales, amedida afeta as companhias que atuam na área de refino, como aPetrobras, que já colocou à venda suas duas refinariasno país.“Os investimentos obviamente estãosub judice, inclusive os que visam à ampliaçãoda oferta de gás no país. É claro que nósnão vamos fazer novos investimentos lá sem saber o quevai acontecer. Eu diria que todos os investimentos serãoreavaliados”, afirmou o diretor.Paulo Roberto Costa, noentanto, admitiu que a Petrobras não pode simplesmente parar aprodução de gás de uma hora para outra. “Épreciso entender que há um contrato de importação[por parte da Petrobras] de cerca de 30 milhões demetros cúbicos por dia, que vai até 2019. Hoje sãoescoados cerca de 25 milhões, que são importantes doponto de vista do fornecimento de gás para o Brasil. Entãoa Petrobras não pode simplesmente, de hoje para amanhã,paralisar a produção. Senão, quem é quevai produzir lá?”Sobre apossibilidade de evolução da crise entre a estatalbrasileira e o governo boliviano, ele afirmou que a companhia nãopode se basear em hipóteses: “Temos que trabalhar sobre ofato real. E o fato real, hoje, é que fizemos a oferta [devenda das refinarias] e estamos aguardando o prazo de 48 horas parauma posição deles. Se não ocorrer, só nosresta a alternativa contratual [arbitragem judicial]”.Odiretor admitiu que a intenção inicial da companhia eracontinuar operando na Bolívia de forma minoritária –mas tendo a gestão das refinarias. “Essa posiçãoadotada pelo governo da Bolívia prejudica totalmente o fluxode caixa e o retorno financeiro das unidades. Desta maneira, nãohá o mínimo interesse da Petrobras em ficar com essasrefinarias”.As declarações foram feitas emSão Gonçalo, na região do Grande Rio, onde aestatal lançou a pedra fundamental do Centro de Integraçãodo Comperj (Pólo Petroquímico do Rio de Janeiro).