Moradores fazem manifestação para que vida volte ao normal em favela

08/05/2007 - 18h15

Mariana Rozadas
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - No oitavo dia deocupação da Polícia Militar na favela da VilaCruzeiro, cerca de 300 moradores da região foram àsruas pedir paz. “ Ninguém aqui está contra apolícia”, explica Pedro Antônio da Costa, presidenteda Associação de Moradores da Chatuba, favela vizinha. ''Não queremos dizer como a polícia deve agir, masqueremos restabelecer a paz para que a gente possa ter uma vidanormal''. Tanto a Chatuba, quanto a Vila Cruzeiro fazem parte doComplexo do Alemão, agrupamento de favelas na zona nortecarioca.Os tiroteios entre Polícia Militar e suspeitosestá prejudicando o funcionamento das escolas do entorno daVila Cruzeiro. Hoje (8), 4,8 mil alunos de seis escolas e trêscreches municipais tiveram as aulas suspensas pelos tiroteios. AComlurb, empresa municipal de limpeza, também interrompeu acoleta de lixo nas áreas de confronto, desde a últimaquinta-feira (3). “As crianças querem ir ao colégio eos adultos querem trabalhar pacificamente”, reclama Antônioda Costa. “As kombis pararam de rodar, os ônibus nãovão mais até o ponto final por causa da guerra''.O secretárioestadual de Segurança Pública, José MarianoBeltrame, afirma que a ação ainda deve continuar portempo indeterminado.No início da tarde, houve troca detiros entre policias e traficantes. A dona de casa AntôniaDalva dos Santos, de 32 anos, foi atingida de raspão porestilhaços de bala no braço direito, quando tentavaproteger um dos cinco filhos. ''É uma dor horrível. Hádez anos, minha filha, dormindo dentro de casa, morreu atingida poruma bala perdida. Se ela estivesse aqui, teria 15 anos''. Segundoela, ''quem mora em comunidade não pode nem sair decasa''.Com o ferimento de Antônia Dalva dos Santos,sobe para 40 o número de feridos na operação daPolícia Militar e do Batalhão de OperaçõesEspeciais (Bope), na Vila Cruzeiro. De acordo com a diretoria doHospital Getúlio Vargas, oito pessoas continuam internadas esete já morreram desde o início das açõespolicias no Complexo do Alemão.