Independência da TV pública depende de autonomia financeira e administrativa, destacam participantes de fórum

08/05/2007 - 17h16

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Uma TV com independência, programação de qualidade, com conteúdo regional, espaço para produções independentes e participação da sociedade na gestão. Essas são as características do modelo de TV pública que predominou nos discursos da abertura do 1º Fórum Nacional de TVs Públicas, que começou hoje (8) e vai até o dia 11, em Brasília. A independência intelectual e administrativa é um dos requisitos defendidos pelo presidente da Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (Abepec), Jorge Cunha Lima. “Uma TV só será pública se for intelectualmente e administrativamente independente, se não for do poder nem do mercado, se for regida por conselhos representativos da sociedade”, disse ele. Para assegurar esse modelo independente, a formação de um fundo nacional para financiar as TVs públicas foi apontada como uma das possibilidades. O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, defendeu que, além de um fundo, haja outras opções de financiamento. "Um modelo que, ao lado de recursos orçamentários, contemple outras formas, como prestação de serviços e patrocínio”, pediu. O ministro da Educação, Fernando Haddad, considera que o tema do financiamento deve ser um ponto central nas discussões. “O financiamento deve ganhar uma centralidade cada vez maior se quisermos combinar forma transformadora e revolucionária com conteúdo transformador e revolucionário”.A exemplo do presidente da Abepec, que sublinha a importância dos conselhos representativos da sociedade na gestão da TV pública, o ministro Franklin Martins também considera que o modelo deve prever a participação social. “Temos que ter conselhos. Evidentemente temos as diretorias executivas que dirigem a TV, mas temos de ter conselhos, que fazem papel assim de um grande conselho de ombudsman, fazendo uma certa fiscalização dos objetivos centrais da missão."O presidente da Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU), Gabriel Priolli, afirmou que a TV pública não deve ser construída em oposição à privada, mas numa perspectiva de complementariedade. “Ela [a TV privada] é conhecida e estimada pelo público brasileiro, mas ela não pode cumprir todas as funções como educação e formação de cidadania, que são melhor oferecidos pela TV estatal e pública”, explica.Além de todas as características citadas na abertura do fórum, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, acrescentou mais uma, considerada por ele fundamental no modelo público: o entretenimento inteligente para a população. “A TV pública deve buscar capacitar e ser uma das grandes formas do entretenimento no Brasil, entreter sem deixar de ser inteligente e sem perde suas finalidades próprias."