Leia a íntegra do Café com o Presidente

30/04/2007 - 6h05

Agência Brasil

Brasília - Apresentador: Bom dia, você, em todo o Brasil. Começa o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Tudo bem, presidente?Presidente: Tudo bem, Luiz.Apresentador: Amanhã é Dia do Trabalhador. Essa é um data de balanço, de avaliação das perdas e ganhos do mundo do trabalho. No caso das políticas de governo, presidente, qual é o balanço que o senhor faz neste 1º de maio?Presidente: Um balanço altamente positivo, Luiz. É importante lembrar que nos acordos salariais que os sindicatos têm feito neste ano e no ano de 2006, 86% dos trabalhadores ganharam aumento real de salário, ou seja, significa que além da inflação, eles tiveram um ganho no seu poder aquisitivo. E 96% tiveram, no mínimo, a inflação. Coisa rara no mundo do trabalho no Brasil, porque durante muito tempo eu fui dirigente sindical e quando nós conseguíamos chegar perto da inflação, já era uma grande conquista. E hoje os trabalhadores estão tendo um ganho melhor. Por que? Porque a economia está crescendo, o número de empregos está crescendo, os empresários estão ganhando mais dinheiro e estão dividindo um pouco desse dinheiro nos acordos salariais. É pouco diante daquilo que os trabalhadores brasileiros precisam conquistar para recuperar o seu poder aquisitivo. Mas, eu acho que já é um passo extremamente importante. Outra coisa importante, Luiz, é que o salário mínimo brasileiro, nós tomamos uma decisão de recuperá-lo. E hoje o salário mínimo de R$ 380 que as pessoas estão recebendo agora no mês de maio, a partir do dia 1º de maio vão receber o reajuste já, é importante comparar o que ele poderia comprar de cesta básica em janeiro de 2003 e o que ele pode comprar hoje. Ou seja, praticamente dobrou o poder aquisitivo do salário mínimo no Brasil. Obviamente que o salário mínimo sempre é pouco, sempre é pouco porque é o mínimo. Ele é pouco no Brasil e é pouco no mundo inteiro. Mas, o que nós estamos fazendo é que estamos reajustando o salário mínimo sempre acima da inflação para que a gente possa ter um poder de compra que permita um cidadão que ganhou o salário mínimo cuidar de si e da sua família.Apresentador: Como é que o senhor vê o impacto desse novo salário mínimo na distribuição de renda?Presidente: Eu acredito que o salário mínimo é um dos fatores importantes da distribuição de renda no Brasil. Imagina você que, segundo o Dieese [Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos], só esse aumento do salário mínimo vai colocar no mercado por volta de R$ 15 bilhões a mais. É dinheiro que está circulando, gente que está consumindo. Quando há consumo, as lojas encomendam mais na fábrica, as fábricas produzem mais, geram mais empregos, eu acho que todo mundo ganha com isso. Mas nós aprovamos, Luiz, está no Congresso Nacional, uma proposta do governo que não é do governo, é uma proposta acordada com todas as centrais sindicais, de garantir, durante os anos de 2008 a 2011, que a gente dê ao salário mínimo não apenas o reajuste da inflação, mas também a gente dê uma variação do crescimento do PIB [Produto Interno Bruto], ou seja, o crescimento da economia. Se a economia crescer cinco, eles terão a inflação mais o crescimento da economia, o que pode permitir a gente alcançar os melhores valores do salário mínimo da história desse país. Eu penso que qualquer governo que vier depois de nós, ele vai ter que dar seqüência a essa política de recuperação de salário mínimo, porque significa distribuir renda, significa melhorar a vida das pessoas mais pobres deste país. Apresentador: Você está acompanhando o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Agora, presidente, em relação ao mercado de trabalho, todo dia tem gente nova aí chegando ao mercado. A demanda só vem crescendo. Dá para manter ou mesmo aumentar esse ritmo de geração de empregos? Qual a estratégia do governo nesse setor?Presidente: A nossa expectativa é que, com o crescimento da economia, e todos os números indicam que a economia brasileira vai continuar crescendo de forma mais vigorosa nos próximos anos, e com a implantação do programa de aceleração da economia e também com a desoneração, ou seja, com a isenção de impostos que nós fizemos para material de construção civil e para a própria construção civil, nós temos aí um potencial extraordinário de geração de empregos no Brasil. O Brasil que ficou praticamente 20 anos sem gerar emprego, ou gerava muito pouco, eram dispensados mais trabalhadores do que contratados, agora está o inverso. E o número mais positivo é o número do mês de março, em que a gente bateu o recorde na geração de emprego com carteira assinada, ou seja, foi 91% maior do que foi em março de 2006. E o maior número histórico desde que existe o Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados]. Então eu tenho razões para estar otimista, tenho razões para acreditar que as coisas vão melhorar e tenho razões para acreditar que, junto com os trabalhadores, nós iremos construindo uma forma de melhorar a vida do povo trabalhador do nosso país. Apresentador: Obrigado, presidente, e até semana que vem.Presidente: Eu quero, primeiro, cumprimentar os trabalhadores e dizer que eu estou desejando um feliz 1º de maio, com a certeza de que o 1º de maio de 2008 será melhor do que o 1º de maio de 2007. Obrigado a você, Luiz, e até a próxima segunda-feira. Apresentador: Nós ficamos por aqui e acesse o Café com o Presidente também na internet em www.radiobras.gov.br. Um abraço para você e até segunda-feira que vem.