Marcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - Estratégias conjuntas para combater a cochonilha do carmim, praga que vem dizimando duas reservas de palma forrageira do Semi-árido nordestino, estão sendo adotadas pelos governos de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
A medida foi tomada depois da constatação de que 100 mil hectares cultivados com as duas variedades do vegetal (palma gigante e palma doce), que servem de alimento para os rebanhos da região, já estão comprometidos pela praga em vários municípios dos quatro estados.
Há sete anos, os plantios infestados com o inseto ficavam restritos apenas ao município pernambucano de Sertânia, conforme dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
De acordo com o pesquisador Carlos Gava, da Embrapa Semi-árido em Petrolina, equipes técnicas de instituições de pesquisa, de transferência de tecnologia e de vigilância sanitária dos quatro estados começaram a executar recentemente o Programa de Manejo da Cochonilha do Carmim, em uma área que se estende por 112 municípios. A iniciativa tem apoio dos ministérios do Agricultura e Desenvolvimento Agrário.
“Também estão sendo mobilizadas lideranças de produtores rurais, prefeituras municipais, agentes financeiros, Organizações Não-Governamentais e universidades para ajudar nos trabalhos de controle biológico da praga nas áreas de risco”.
Gava informou que controle biológico está sendo feito com o uso de “inimigos” naturais, a exemplo de predadores, parasitas e microorganismos patogênicos da praga. “A cochonilha do carmim forma colônias brancas semelhantes a flocos de algodão na face inferior das raquetes de palma. É preciso impedir a propagação para evitar danos severos às plantações do vegetal”.
Segundo ele, uma das alternativas que tem sido eficaz na redução da população de insetos na palma é aplicação de produtos como detergente e sabão em pequenas concentrações de 1% a 5%.
A palma, introduzida no Brasil no século 19, é importante no sistema de criação de bovinos, ovinos e caprinos do Semi-árido por concentrar carboidratos e 90% de água nos tecidos.
Em todo o Semi-árido nordestino, 250 mil famílias de agricultores vivem do cultivo da palma, que é plantada em cerca de 500 mil hectares, conforme estimativa da Embrapa. Atualmente, o vegetal é a principal fonte de alimento dos rebanhos, principalmente na época da seca.
A preocupação dos governos dos estados que participam do programa é reduzir a velocidade de expansão da infestação da praga enquanto os pesquisadores desenvolvem novas tecnologias para manejo da cultura e controle do inseto.