Engenheiros da Petrobras se mantêm contra licitações, que consideram "contra-senso"

30/04/2007 - 13h40

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Associação dos Engenheiros daPetrobras (Aepet) considera “um contra-senso” a possibilidade dea Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural eBiocombustíveis (ANP) continuar a realizar leilões deáreas para exploração de petróleo nopaís, enquanto a Petrobras trabalha para a manutençãoprolongada da auto-suficiência na produção depetróleo – obtida recentemente pelo país.Em entrevista à Agência Brasil,o coordenador de Comunicação da Aepet, FernandoSiqueira, disse que a associação está torcendopara que a 9a Rodada de Licitações de Áreaspara exploração e produção de petróleoe gás natural nas bacias sedimentares do país sejapostergada “ o máximo de tempo possível”.“O Brasil não tem petróleo paraexportar e muito menos para dar de mão-beijada para empresasestrangeiras que vêm aqui e compram grandes áreas nosleilões realizados pela ANP. Essas empresas ganham o direitode propriedade do petróleo e podem exportar o produto. Equalquer exportação de petróleo brasileirosignifica encurtar a vida útil do produto e reduzir o nossotempo de auto-suficiência”, acredita.Para o engenheiro, a continuidade dos leilõessó atende aos interesses do sistema financeiro internacional ea crescente necessidade dos norte-americanos pelos derivados doproduto. “São eles que dominam a Petrobras e só aeles interessa as licitações, uma vez que as suasreservas chegam a apenas 29 bilhões de barris – enquanto oconsumo já está na casa dos 7,6 bilhões debarris por ano”. A Aepet também considera, do ponto de vistaestratégico, “um contra-senso” o Brasil comprometer assuas reservas exportando óleo - na medida em que serãonecessários pelo menos mais 20 anos para o desenvolvimento defontes sustentáveis de combustíveis alternativos.“Embora o Brasil seja o único paísdo mundo com condições para isto (desenvolver em largaescala fontes alternativas de energia), nós precisamos de pelomenos 20 anos para promover esta substituição – aindaassim se o governo investir pesado com esta finalidade”.Segundo a associação, caso continuea permitir a participação das empresas estrangeiras nosetor de exploração e produção, o Brasilcorre o risco de comprometer a longevidade da auto-suficiência.“O nosso petróleo vai começar a cair em relaçãoà demanda e com isto a auto-suficiência deixaráde existir em um prazo de 9 anos.  Então voltaremos a serum país importador”.Fernando Siqueira cita estudos disponibilizados naInternet, por especialistas internacionais do setor, apontando paraaumentos expressivos do preço do barril do petróleo naspróximas décadas.“Esses estudos indicam que em 2010 haveráo pico mundial de produção e a oferta começaráa cair inexoravelmente. Por outro lado, a demanda estácrescendo muito acima das previsões, com o aumento da demandaem países como a China e da Índia, e até mesmonos Estados Unidos”.A entidade estima que, a partir de 2010, quando ademanda for maior do que a oferta os preços do petróleovão disparar. “Certamente a primeira conseqüênciaserá uma subida forte dos preços. Esses mesmos estudosestimam que em 2010 o barril do petróleo supere os US$ 100; em2015 deverá chegar a US$ 180; e, em 2020, próximo dosUS$ 300 o barril”.Outro sinal da crescente necessidade dosnorte-americanos por fontes de energia para suprir o seu elevadoconsumo está na visita recente do presidente George W. Bush aoBrasil na tentativa de firmar acordos na área de Etanol.“Eles estão em uma situaçãoaflitiva em termos energéticos e por isto estão vindoaqui para investir no Pró-Álcool. Esse boom deinvestimentos estrangeiros é provocado exatamente pela chegadados americanos, que estão vindo para cá comprar terrase produzir álcool para atenuar a crise energéticadeles”.