Carolina Pimentel
Enviada especial
Buenos Aires (Argentina) - O Banco do Sul não deve ser um “fundo monetário latino-americano” que somente realiza operações financeiras, mas deve ajudar as economias mais pobres da América do Sul, como o Paraguai. A opinião é do economista e professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Buenos Aires Aldo Ferrer.Defendida pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e com o apoio do governo argentino de Néstor Kirchner, o formato do banco ainda está em discussão, mas a idéia é financiar o desenvolvimento da região.O presidente do Equador, Rafael Correa, também defensor da proposta, sugere que a instituição atue como fundo monetário regional, com o objetivo de socorrer as nações mais pobres, alternativa da qual o professor Ferrer discorda.“Para mim, o Banco do Sul tem que ser essencialmente um banco de investimentos e tecnologia. Não podemos pensar o Banco do Sul como um fundo monetário latino-americano para operações puramente financeiras”, disse o economista, em entrevista à Agência Brasil.Segundo Ferrer, não se deve supervalorizar a criação do banco, porque a instituição, sozinha, não irá resolver os desequilíbrios comerciais da região e nem os obstáculos para a integração sul-americana. “Se não fizermos as outras coisas (infra-estrutura e projetos de desenvolvimento), o Banco do Sul será uma peça de pouca importância”, afirmou Ferrer, que já foi ministro da Economia da Argentina.Para outro economista, Fausto Spotorno, da consultoria argentina Orlando Ferreres e associados, não estão claros, até o momento, os objetivos do banco. “Não tem função distinta. O que tem de diferente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)? Para onde vai o Banco do Sul?”, questionou. Ele acredita que a instituição terá mais influência nos países com menores economias.A formação do Banco do Sul deve ser um dos temas do encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner, da Argentina, amanhã (27), em Buenos Aires.O governo brasileiro tem ressalvas em relação à proposta de criação do banco. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Brasil quer “igualdade de condições” na construção do projeto. "O Brasil só participa em condições de igualdade, dentro de um projeto de que nos interesse, um projeto dentro de certos princípios, calcados em princípios bancários legítimos, modernos, senão a gente não participa", declarou no último dia 19.